Quem aplicou em imóveis residenciais em 2024 teve um retorno médio de 19,1% ao ano, segundo estudo do Instituto Brasileiro de Economia da Fundação Getulio Vargas (FGV-IBRE) em parceria com o QuintoAndar. Esse rendimento supera a taxa Selic, atualmente em 14,25% ao ano.
Até meados de 2022, os aluguéis por metro quadrado apresentaram queda real devido ao cenário econômico desfavorável. A partir daí, os preços começaram a se recuperar nas capitais analisadas — São Paulo, Rio de Janeiro e Belo Horizonte. Em dezembro de 2024, o aluguel médio chegou a R$ 47 por metro quadrado, resultando em cerca de R$ 2.350 mensais para um imóvel de 50 m².
Para o economista da FGV, Braz, a manutenção da Selic em patamares elevados favorece o aluguel em detrimento da compra de imóveis. “O financiamento fica mais caro, o que estimula a busca por imóveis para locação”, explica.
Ao mesmo tempo, o preço real de venda dos imóveis caiu nos últimos anos. O valor médio em 2024 é de R$ 8,9 mil por metro quadrado, ou cerca de R$ 445 mil por um imóvel de 50 m² — bem abaixo dos R$ 618 mil de janeiro de 2020 (valores ajustados).
Uma exceção foi Belo Horizonte, onde o estudo detectou valorização real nos preços de venda a partir de 2021. O fenômeno é atribuído a um estoque mais limitado e à retomada da demanda local.
Na análise por bairros, o Centro de BH liderou a rentabilidade com 36,6% ao ano, seguido por Santa Terezinha, Bandeirantes e Caiçaras, todos com retorno acima de 30%. Em São Paulo, o destaque foi Jardim São Luís (24,7%) e, no Rio, a Penha (20,5%).
Imóveis como proteção contra inflação
Carlos Felipe Corsini, da WIT Real Estate, destaca que imóveis são ativos que acompanham a inflação, tanto no aluguel quanto no custo de reposição. “Isso contribui para valorização e aumento de retorno”, afirma.
Renato Monteiro, CEO da Sort Investimentos, aponta os imóveis como blindagem patrimonial em cenários de instabilidade. Ele observa que imóveis tendem a se recuperar rapidamente após períodos de baixa, como visto no pós-pandemia.
Enquanto as grandes capitais sofrem mais com crédito restrito, cidades litorâneas como Balneário Camboriú mostram resiliência, impulsionadas por compradores de alto padrão menos afetados por crises econômicas.
FIIs ou imóveis físicos: qual é o melhor?
Monteiro alerta que os Fundos de Investimento Imobiliário (FIIs) sofrem com a volatilidade do mercado financeiro, mesmo sendo lastreados em imóveis. Já os ativos físicos oferecem controle direto sobre a valorização.
Antônio Sanches, analista da Rico, destaca que os FIIs são uma porta de entrada acessível para investidores. “Com R$ 100, é possível diversificar o portfólio e reduzir riscos”, comenta. Ele recomenda o equilíbrio entre FIIs e imóveis físicos, conforme o perfil e capital disponível do investidor.
Imóveis vencem até o Ifix em 2024
Levantamento da Comdinheiro/Nelogica mostrou que um imóvel comprado por R$ 445 mil no início de 2024 teria rendido R$ 84.995 no ano, um retorno de 19,1% — acima do desempenho de outras aplicações, incluindo o Ifix, que recuou 5,89% no período.
Riscos do investimento em imóveis
Apesar da alta rentabilidade, especialistas alertam para os riscos. A baixa liquidez é um dos principais entraves, exigindo tempo para venda e cumprimento de burocracias.
Além disso, fatores como problemas estruturais na região, violência ou desenvolvimento desigual entre bairros podem afetar a valorização do imóvel, segundo Braz, do FGV-IBRE.