Apesar da taxa Selic em 13,25% ao ano, o mercado imobiliário brasileiro demonstrou força e resiliência em 2024, registrando um crescimento superior a 20%. O setor continua a se consolidar como uma das principais opções de investimento de longo prazo no país, mesmo diante dos desafios trazidos pela política monetária restritiva adotada pelo Banco Central para controlar a inflação.
Desafios do crédito imobiliário em tempos de juros elevados
A alta da Selic impacta diretamente o crédito imobiliário, já que os financiamentos estão atrelados à taxa básica de juros. Durante a gestão de Roberto Campos Neto (2019-2024), a política monetária foi alvo de críticas por parte do governo federal, especialmente devido ao aumento da taxa para conter a inflação. Após um período de estímulo econômico durante a pandemia, quando a Selic esteve em patamares historicamente baixos (2%), a rápida elevação dos juros gerou pressão sobre o consumo e o crédito.
Com Gabriel Galípolo assumindo a presidência do Banco Central em janeiro de 2025, a autonomia da instituição, garantida pela Lei Complementar 179/2021, mantém a política monetária alinhada ao controle inflacionário, mesmo com críticas ao impacto sobre a economia.
Resiliência e inovação impulsionam o setor
O mercado imobiliário brasileiro tem um histórico de superação em momentos de crise. Durante a crise financeira global de 2008, o Brasil foi pouco afetado, graças ao fortalecimento do sistema bancário promovido pelo Proer, programa implementado no governo Fernando Henrique Cardoso. Da mesma forma, na pandemia de covid-19, o setor se recuperou rapidamente após uma breve queda inicial na demanda.
Para 2025, a principal preocupação é a capacidade de financiamento, especialmente para imóveis voltados à classe média, devido à atratividade de outros investimentos em um cenário de juros altos. No entanto, alternativas inovadoras, como os tokens imobiliários, têm surgido como uma solução promissora. Esses ativos digitais permitem a compra de frações de empreendimentos, democratizando o acesso ao mercado imobiliário e oferecendo maior liquidez aos investidores.
“Mesmo com os desafios atuais, o mercado imobiliário deve continuar crescendo em 2025, impulsionado pela valorização dos imóveis e pela demanda constante por moradia”, afirma João Teodoro, presidente do Sistema Cofeci-Creci. A combinação de inovação, adaptação e a busca por alternativas de financiamento pode garantir fôlego ao setor nos próximos anos.
Embora o cenário de juros elevados continue a pressionar o crédito imobiliário, o mercado brasileiro tem mostrado capacidade de adaptação e crescimento. A valorização dos imóveis e a demanda por habitação permanecem como motores do setor, enquanto novas tecnologias e modelos de investimento, como os tokens imobiliários, abrem caminho para um futuro mais inclusivo e dinâmico.
Diante disso, o mercado imobiliário segue firme, provando que sua resiliência vai além de crises econômicas, adaptando-se às mudanças e reforçando seu papel como um dos pilares da economia nacional.