O Governo Federal anunciou recentemente uma ampliação do programa Minha Casa, Minha Vida (MCMV), que agora inclui famílias com renda de até R$ 12 mil mensais e possibilita a aquisição de imóveis de até R$ 500 mil. Na Grande Fortaleza, há 2.380 unidades disponíveis aptas a serem adquiridas pela nova faixa 4 do programa, segundo dados do Sindicato da Indústria da Construção Civil do Ceará (Sinduscon-CE). Os valores desses imóveis variam entre R$ 350 mil e R$ 500 mil e incluem apartamentos e casas em condomínio.
Impacto no Mercado Imobiliário
A medida tem como objetivo impulsionar o segmento intermediário do mercado imobiliário, que enfrentava dificuldades devido às altas taxas de financiamento pelo Sistema Brasileiro de Poupança e Empréstimo (SBPE). Para Patriolino Dias, presidente do Sinduscon-CE, a iniciativa deve reduzir os estoques desse tipo de imóvel e atrair famílias que anteriormente optavam pelo aluguel ou enfrentavam juros elevados no SBPE.
“Essa faixa deve atrair principalmente famílias que estavam no aluguel e, com a medida, vão partir para o financiamento imobiliário”, afirma Dias. Ele ressalta que, embora a ampliação do MCMV deva beneficiar o setor, não espera um crescimento significativo superior aos resultados de 2024, considerado um ano recorde para o mercado imobiliário no Ceará, com R$ 8,5 bilhões em vendas somente na Região Metropolitana de Fortaleza.
Desafios Econômicos
Apesar das vendas continuarem robustas em 2025, a taxa Selic, atualmente em 14,25% ao ano, ainda é apontada como um gargalo para o crescimento do setor. “Acredito que não vai ter o aumento que teve em 2024, até porque temos uma taxa Selic que atrapalha um pouco”, pondera Dias.
Perspectiva de Crescimento
Para Paulo Angelim, colunista de mercado imobiliário do Diário do Nordeste e arquiteto, a nova faixa do MCMV deve impulsionar o número de novos clientes. “Sem dúvidas haverá um crescimento expressivo na base de novos clientes, porque antes o financiamento (pelo SBPE) era muito oneroso”, destaca Angelim. Ele também acredita que a ampliação do programa pode incentivar as construtoras a investirem mais nesse padrão de imóveis.
No entanto, Angelim ressalta que o ciclo do mercado imobiliário é longo e que o tempo de reação das construtoras é gradual devido à natureza do setor. “Em 2025 haverá incremento de vendas, e caso essa faixa 4 seja mantida, devemos ver mais construtoras indo para esse segmento”, projeta.
Perfil dos Compradores e Tendências
A nova faixa do MCMV deve atrair famílias que buscam sair do aluguel e aproveitar condições mais acessíveis de financiamento. Além disso, a redução das taxas de juros em comparação ao SBPE torna o crédito imobiliário mais viável para a classe média. A expectativa é que, com a manutenção dessa política, o mercado imobiliário da Grande Fortaleza continue aquecido, especialmente no segmento intermediário, que ganha novo fôlego com a medida.
