A oferta final de unidades imobiliárias no Brasil registrou uma queda de 7,8% no quarto trimestre de 2024 em relação ao mesmo período do ano anterior, segundo dados divulgados pela Câmara Brasileira da Indústria da Construção (CBIC). O total de unidades disponíveis no mercado passou de 316.751 no 4T de 2023 para 291.928 no 4T de 2024. No entanto, em comparação com o trimestre imediatamente anterior, houve um aumento de 2% na oferta disponível.
O relatório detalha que a região Norte apresentou a maior retração percentual anual, com uma queda de 17,2% no volume de unidades ofertadas. O Centro-Oeste também registrou uma redução significativa de 8,1%, enquanto o Sudeste teve um recuo de 9,1%. A região Sul acompanhou essa tendência, com uma diminuição de 6,9%. Já o Nordeste apresentou a menor queda, de 4,0%, no mesmo período de comparação.
Apesar da redução na oferta final, os dados mostram um cenário positivo em termos de lançamentos e vendas acumuladas nos últimos 12 meses. Foram lançadas 383.483 novas unidades no país, um crescimento de 18,6% em relação ao mesmo período do ano anterior. As vendas totalizaram 400.547 unidades, um aumento expressivo de 20,9%, indicando um mercado aquecido e uma demanda robusta por imóveis.
Tempo estimado para escoamento da oferta
De acordo com o estudo, considerando a média de vendas dos últimos 12 meses e sem novos lançamentos, as unidades atualmente disponíveis no mercado se esgotariam em aproximadamente nove meses. Esse dado reflete um ritmo acelerado de comercialização, apesar da redução na oferta disponível.
José Antônio Valente, diretor da Trans Obra, empresa de locação de equipamentos para construção civil em Foz do Iguaçu (PR), destacou que os números apresentam um panorama relevante do mercado imobiliário brasileiro. Segundo ele, a queda de 7,8% na oferta final, mesmo com o crescimento trimestral de 2%, sugere um ajuste na produção e comercialização, impactando diretamente a dinâmica do setor da construção civil.
“O aumento de 18,6% nos lançamentos e de 20,9% nas vendas demonstra que o mercado segue aquecido, apesar da redução na oferta disponível. Esse crescimento pode indicar uma demanda futura por equipamentos para novas obras, favorecendo empresas de locação”, afirmou José Antônio.
Impacto da taxa Selic no financiamento imobiliário
O relatório também menciona o contexto macroeconômico, destacando que a taxa Selic, principal referência para os juros no país, encerrou 2024 em 12,15% ao ano. Embora abaixo do pico de 13,65% registrado em 2022, os níveis elevados ainda impactam as condições de financiamento imobiliário, influenciando as decisões de incorporadoras e compradores.
José Antônio ressaltou que a manutenção da Selic em patamares altos afeta a capacidade de investimento das incorporadoras, reduzindo o volume de novas obras. Para o setor de locação de máquinas e equipamentos, isso pode representar uma oportunidade. “Períodos de maior restrição ao crédito podem incentivar construtoras a optarem pela locação de equipamentos, reduzindo custos operacionais com compra e manutenção. Modelos de negócios como franquias de sucesso no Brasil podem se beneficiar desse cenário, expandindo sua atuação e atendendo às demandas do setor de forma mais ágil”, explicou.
Perspectivas para o futuro
O balanço entre a queda na oferta, o crescimento nos lançamentos e vendas e os desafios macroeconômicos indica um mercado imobiliário em transformação. Enquanto a redução na oferta sinaliza ajustes no ritmo de produção, o aumento nas vendas sugere que o setor está respondendo positivamente à demanda, impulsionando expectativas para novos ciclos de construção e investimentos.
Para empresas ligadas à construção civil, como as de locação de equipamentos, o cenário oferece tanto desafios quanto oportunidades, especialmente em um contexto de maior racionalização de custos e busca por eficiência operacional.