Fortaleza – CE | sexta-feira 20 de junho de 2025 / 21:38

Alta da Selic para 15% surpreende mercado e acende alerta em setores produtivos

Entidades da indústria e do comércio criticam decisão do Copom e temem efeitos negativos sobre investimentos, produção e consumo

A elevação da taxa Selic em 0,25 ponto percentual, para 15% ao ano, anunciada pelo Comitê de Política Monetária (Copom) do Banco Central (BC) nesta quarta-feira (18), causou surpresa e preocupação em diversas entidades representativas do setor produtivo brasileiro.

Segundo lideranças da indústria e do comércio, o novo patamar de juros pode desestimular investimentos, aumentar os custos de produção e prejudicar a recuperação da economia, em um momento ainda marcado por incertezas no cenário macroeconômico global.

O presidente da Federação das Indústrias do Estado de Minas Gerais (FIEMG), Flávio Roscoe, foi categórico ao afirmar que a medida pode restringir ainda mais os investimentos produtivos, elevar os custos industriais, reduzir a competitividade e impactar negativamente o emprego e a renda das famílias. Ele defendeu a adoção de medidas mais equilibradas, que aliem controle da inflação com desenvolvimento sustentável.

A Associação Paulista de Supermercados (APAS) também se posicionou contra a decisão do Copom. A entidade considerou a alta da Selic inadequada, citando o ambiente internacional instável, com avanço do protecionismo, tensões geopolíticas e dificuldade de estímulo à atividade econômica. “Neste patamar, os investimentos de médio e longo prazo são desestimulados, o consumo das famílias é afetado, e o crescimento da atividade econômica é comprometido”, destacou a APAS em nota.

A Confederação Nacional da Indústria (CNI) foi ainda mais crítica. Para o presidente Ricardo Alban, a nova alta da taxa básica não é compatível com o cenário econômico atual, que já demonstra sinais claros de desaceleração da inflação. “Sem uma redução da Selic, continuamos penalizando desnecessariamente a economia e os brasileiros”, afirmou Alban, que também mencionou a alta carga tributária como outro entrave à competitividade do setor produtivo.

Na visão de Ulisses Ruiz de Gamboa, economista da Associação Comercial de São Paulo (ACSP), o aumento dos juros foi recebido com surpresa, já que o mercado estava dividido entre a manutenção e uma possível alta. Para ele, a justificativa da decisão está na inflação subjacente ainda elevada, associada à expansão fiscal e à persistência de expectativas inflacionárias desancoradas.

Apesar da elevação, o Banco Central sinalizou que a taxa deve permanecer no atual nível de 15% por um período prolongado, indicando o possível fim do ciclo de alta. Ainda assim, o comunicado reforça que a autoridade monetária permanecerá vigilante e poderá retomar os ajustes se necessário.

A Federação do Comércio de Bens, Serviços e Turismo do Estado de São Paulo (FecomercioSP) também criticou a medida e sugeriu que o Copom poderia ter aguardado mais dados antes de realizar novo ajuste. A entidade alertou para a defasagem dos efeitos da política monetária e reiterou que a manutenção ou redução dos juros só será possível com equilíbrio fiscal, algo que ainda parece distante diante das recentes propostas do Executivo.

“Diante da fragilidade da política fiscal e das críticas aos pacotes econômicos apresentados pelo governo, há risco de a inflação voltar a subir nos próximos meses, o que forçaria o Copom a manter a Selic elevada”, concluiu a FecomercioSP.

Fonte: Redação

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