O setor de aço processado no Brasil está em alerta com o aumento acelerado das importações, especialmente de produtos originários da China. Segundo levantamento da Abimetal-Sicetel (Associação Brasileira da Indústria Processadora de Aço e Sindicato Nacional da Indústria Processadora de Aço), as compras externas cresceram 25,9% em volume e 14,1% em valor entre janeiro e junho de 2025, comparado ao mesmo período de 2024.
A maior parte desse avanço é atribuída à entrada de cabos, fitas, tiras e barras de aço com origem chinesa. Esses produtos, frequentemente vendidos a preços artificialmente baixos, têm levantado suspeitas de concorrência desleal, o que tem impactado diretamente a indústria nacional.
“A indústria brasileira enfrenta um cenário desafiador, no qual é forçada a competir com itens importados vendidos abaixo dos preços de mercado. Isso ameaça a sustentabilidade das empresas nacionais e o equilíbrio do setor como um todo”, alerta Ricardo Martins, presidente da Abimetal-Sicetel.
Ele afirma que o impacto vai além da competitividade: o crescimento das importações coloca em risco milhares de empregos na cadeia produtiva nacional. “É urgente o fortalecimento dos mecanismos de defesa comercial, para preservar a produção local e proteger os postos de trabalho que movimentam essa indústria estratégica para o país.”
O relatório divulgado pela entidade também destaca quais produtos já tiveram suas alíquotas de importação elevadas para até 25%, como forma de frear o avanço de mercadorias estrangeiras. A publicação oferece uma análise detalhada dos preços internacionais de insumos e das variações recentes no valor e volume de importações.
A Abimetal-Sicetel reforça que a ferramenta é indispensável para empresários e gestores do setor, oferecendo dados estratégicos para entender a dinâmica atual do comércio internacional e seus reflexos sobre o mercado brasileiro.
Além disso, o cenário reforça a importância de políticas públicas que estimulem a indústria nacional e evitem a perda de competitividade frente ao cenário externo. A entidade defende que medidas mais assertivas de proteção comercial devem ser tomadas com urgência, especialmente frente ao crescimento das importações chinesas, que seguem ganhando espaço no mercado brasileiro com margens consideradas insustentáveis para a indústria local.