O Brasil ocupou a última posição no ranking de competitividade industrial elaborado pela Confederação Nacional da Indústria (CNI). O estudo avaliou 18 países com atuação relevante no mercado internacional, com base em oito fatores que influenciam o desempenho das empresas.
Os piores resultados do Brasil foram registrados nos indicadores de Ambiente Econômico, Desenvolvimento Humano e Trabalho, e Educação. Em todos esses quesitos, o país ficou na 18ª posição. Entre os fatores que contribuíram negativamente estão o elevado custo de financiamento e a taxa básica de juros (Selic), atualmente em 14,25% ao ano.
Apesar do desempenho, a CNI considera a política industrial lançada pelo governo, a Nova Indústria Brasil (NIB), como um avanço relevante. Segundo Fabrício Silveira, superintendente de Política Industrial da CNI, o programa prevê financiamentos de até R$ 507 bilhões até 2026 e pode impactar positivamente os indicadores nos próximos anos.
O ambiente tributário também influenciou negativamente o posicionamento do Brasil. A expectativa da CNI é de que a reforma tributária represente um avanço, desde que regulamentações não resultem em alíquotas elevadas.
O país também não figurou entre os melhores em nenhum dos macroindicadores avaliados. O desempenho mais positivo foi em Baixo Carbono e Recursos Naturais, ocupando a 12ª colocação, com destaque para o subfator de descarbonização, em que o Brasil ficou em 2º lugar. Já em economia circular, o desempenho foi inferior.
A atual edição do ranking da CNI passou por ajustes metodológicos, com a inclusão de países com perfis produtivos semelhantes ao brasileiro e presença nos mesmos mercados. A lista inclui Coreia do Sul, China, Estados Unidos, Alemanha, Reino Unido, Itália, Canadá, entre outros.
Apesar dos resultados, Silveira destacou a resiliência da indústria nacional, que consegue competir em mercados estratégicos mesmo diante de entraves internos.
Educação e Desenvolvimento Humano
No fator Desenvolvimento Humano e Trabalho, o Brasil novamente ficou em último lugar. A Coreia do Sul lidera esse indicador. Os subfatores considerados incluem Relações de Trabalho (16º lugar), Saúde e Segurança (15º lugar) e Diversidade, Equidade e Inclusão (17º lugar).
No sub-ranking de Educação, o Brasil também teve desempenho negativo, com destaque para a baixa adesão ao ensino técnico e a escassa formação em áreas de ciência e tecnologia. A Alemanha ficou na primeira posição deste quesito.
Segundo Ricardo Alban, presidente da CNI, a baixa qualidade da educação compromete a produtividade e o desenvolvimento sustentável. Ele aponta como desafios a recuperação de perdas provocadas pela pandemia e pela guerra, a redução do chamado “Custo Brasil” e o estímulo à inovação.
Outros Indicadores
Nos demais indicadores, o Brasil permaneceu abaixo da média:
- Comércio e Integração Internacional: 14º lugar;
- Infraestrutura: 15º lugar, com ênfase em deficiências em rodovias, ferrovias e portos;
- Desenvolvimento Produtivo, Inovação e Tecnologia: 15º lugar, com destaque no subfator de ciência e inovação (12º lugar);
Silveira ressalta que o Brasil possui ativos institucionais relevantes, como o Senai e as universidades federais, além de órgãos de fomento como a Finep, que contribuem para o avanço da inovação.
Ranking Geral de Competitividade Industrial (2023-2024)
- Países Baixos
- Estados Unidos
- Coreia do Sul
- Alemanha
- Reino Unido
- China
- Itália
- Canadá
- Espanha
- Turquia
- Rússia
- Índia
- México
- Chile
- Argentina
- Colômbia
- Peru
- Brasil