Fortaleza – CE | quarta-feira 18 de junho de 2025 / 07:42

Com inflação de alimentos em queda e real valorizado, setor industrial sente desaceleração nos preços

IPP registra menor variação em 12 meses, com impacto da moeda e ajustes sazonais no setor alimentício

Os preços na indústria nacional registraram uma desaceleração significativa em janeiro de 2025, com alta de apenas 0,13% , após avançarem 1,35% em dezembro de 2024. Os dados fazem parte da pesquisa Índice de Preços ao Produtor (IPP) , divulgados nesta sexta-feira (14) pelo IBGE .

O IPP mede a variação dos preços dos produtos diretamente na saída da fábrica, excluindo impostos e fretes, abrangendo 24 atividades das indústrias extrativas e de transformação. Em janeiro, o número de segmentos industriais com aumentos de preços caiu para 14 , contra 22 em dezembro do ano anterior.

A elevação de 0,13% em janeiro é a menor registrada nos últimos 12 meses. “Essa desaceleração está atrelada principalmente à redução nos preços de alimentos. A valorização do real frente ao dólar, que subiu 1,2% entre dezembro e janeiro, teve impacto expressivo em vários setores, como alimentos, metalurgia e madeira. Fatores de mercado também ajudam a explicar os movimentos observados”, explica Alexandre Brandão , analista do IPP.

As atividades industriais que mais influenciaram o resultado de janeiro foram:

  • Alimentos (-0,22 p.p.) : O setor apresentou queda após nove meses consecutivos de altas.
  • Refino de petróleo e biocombustíveis (0,15 p.p.) : Terceiro aumento consecutivo, com destaque para o óleo bruto de petróleo.
  • Outros produtos químicos (0,14 p.p.) : Alta motivada pelo câmbio e pela demanda agrícola.
  • Indústrias extrativas (-0,07 p.p.) : Recuo impulsionado pela queda nos preços de minérios.

Setor alimentício lidera queda nos preços

O setor de alimentos, responsável pelo maior peso no cálculo do IPP, registrou variação negativa de 0,84% em janeiro, após ter subido 1,65% em dezembro. O acumulado em 12 meses recuou de 13,80% para 13,64% .

Os preços de alimentos têm sido pressionados por alterações na oferta, influenciadas por eventos climáticos adversos, como secas ou chuvas excessivas. A melhora da renda interna também tem gerado maior demanda. No entanto, em janeiro, a colheita de cana-de-açúcar e soja, aliada à menor procura por carne após as festas de fim de ano, contribuiu para o recuo observado.

Refino de petróleo e produtos químicos em alta

O refino de petróleo e biocombustíveis apresentou alta de 1,49% , o terceiro resultado positivo consecutivo e o maior desde julho de 2024. O acumulado em 12 meses saltou de 1,47% , em dezembro, para 8,14% em janeiro. O preço do óleo bruto de petróleo exerceu pressão sobre os produtos derivados, impactando diversos setores.

Já a atividade de outros produtos químicos registrou aumento de 1,72% , influenciada por fatores como a variação cambial e a demanda agrícola por insumos. Produtos como adubos são fortemente dependentes de importações, enquanto outros respondem à pressão dos preços do refino.

Indústrias extrativas e metalurgia em queda

As indústrias extrativas registraram retração de 1,49% em relação ao mês anterior, interrompendo uma sequência de três altas consecutivas. A queda foi impulsionada pelos preços dos minérios de ferro e não metálicos, embora a extração de petróleo e gás natural tenha apresentado variação positiva.

Os preços praticados no Brasil seguem as tendências do mercado internacional, o que explica tanto as quedas recentes quanto os movimentos anteriores de alta.

Por sua vez, o setor de metalurgia registrou variação média de -0,54% , após 13 meses seguidos de aumentos. O acumulado em 12 meses chegou a 26,77% , sendo a segunda maior influência (1,59 p.p.) no indicador geral.

Impacto nas grandes categorias econômicas

Na perspectiva das grandes categorias econômicas, a variação de preços entre dezembro de 2024 e janeiro de 2025 foi distribuída da seguinte forma:

  • Bens de capital : Alta de 0,53% .
  • Bens intermediários : Queda de 0,19% .
  • Bens de consumo duráveis : Aumento de 1,24% .
  • Bens de consumo semiduráveis e não duráveis : Elevação de 0,39% .

A combinação de fatores como a valorização do real, ajustes sazonais e dinâmicas de mercado reflete um cenário de adaptação às condições econômicas. O setor industrial segue monitorando essas mudanças para ajustar estratégias de produção e precificação.

Fonte: Redação

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