Após três meses consecutivos de melhora, o Índice de Confiança do Consumidor (ICC) registrou queda de 0,8 ponto em junho, atingindo 85,9 pontos, de acordo com dados divulgados nesta terça-feira (24) pela Fundação Getúlio Vargas (FGV).
Segundo a economista Anna Carolina Gouveia, do FGV IBRE, a retração sinaliza um movimento de acomodação, motivado pela piora tanto na avaliação do presente quanto nas expectativas futuras.
“Apesar da resiliência da economia, os consumidores seguem preocupados com o orçamento doméstico, em um contexto de endividamento elevado, inadimplência crescente e juros altos”, afirma Gouveia.
Indicadores detalhados
O Índice da Situação Atual (ISA) caiu 1,1 ponto, chegando a 82,9 pontos, puxado pela queda de 2,1 pontos na avaliação da situação financeira atual das famílias, que ficou em 72,5 pontos — o menor nível entre os subindicadores.
Já a percepção sobre a situação econômica local atual apresentou leve recuo de 0,1 ponto, atingindo 93,6 pontos.
Por sua vez, o Índice de Expectativas (IE) registrou queda de 0,4 ponto, alcançando 88,7 pontos. Os destaques negativos foram os recuos nos indicadores de:
- Situação econômica futura: -1,2 ponto, fechando em 102,9 pontos
- Intenção de compras de bens duráveis: -1,1 ponto, indo para 76,1 pontos
Renda influencia o humor do consumidor
O levantamento também mostra que apenas os consumidores com renda acima de R$ 9.600,01 não apresentaram queda no índice de confiança em junho. Todos os demais grupos de renda demonstraram perda de otimismo no mês.
Contexto macroeconômico pesa
O cenário de juros altos, com a taxa Selic a 15% ao ano, e o impacto da inflação sobre o poder de compra continuam a pressionar o orçamento das famílias, minando a disposição para o consumo e os investimentos pessoais.
A retração da confiança em junho reforça o alerta sobre a fragilidade da retomada do consumo das famílias, que é um dos motores essenciais para o crescimento do Produto Interno Bruto (PIB) nos próximos trimestres.