A taxa de desemprego no Brasil caiu para 6,2% no trimestre encerrado em maio de 2025, segundo a Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios Contínua (Pnad Contínua), divulgada nesta sexta-feira (27) pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE). Este é o menor índice para o período desde o início da série histórica, em 2012, ficando praticamente no mesmo nível do recorde absoluto de 6,1%, registrado no trimestre encerrado em novembro de 2024.
No trimestre anterior (fevereiro de 2025), o índice estava em 6,8%. Na comparação com o mesmo período do ano passado, quando a taxa era de 7,1%, houve uma queda de 12,3% no número de desocupados, o que equivale a 955 mil pessoas a menos buscando emprego.
O país encerrou o trimestre com 103,9 milhões de pessoas ocupadas, um avanço de 1,2% em relação ao trimestre anterior. Entre os destaques do levantamento estão aumento do emprego com carteira assinada, crescimento da renda média, recorde na massa salarial e queda na informalidade.
Mercado formal impulsiona recuperação do emprego
O número de trabalhadores com carteira assinada no setor privado atingiu 39,8 milhões de pessoas, o maior da série histórica, com alta de 3,7% em relação ao mesmo trimestre de 2024.
A taxa de informalidade caiu para 37,8%, contra 38,1% no trimestre anterior e 38,6% no mesmo período de 2024. Isso significa que 39,3 milhões de trabalhadores estão na informalidade, incluindo 13,7 milhões sem carteira assinada. A queda foi impulsionada, principalmente, pelo crescimento dos trabalhadores por conta própria formalizados com CNPJ, que aumentaram em 3,7% (mais 249 mil pessoas).
O Brasil chegou a 26,1 milhões de pessoas trabalhando por conta própria, sendo que 25,2% da população ocupada atua nesse regime, com 26,9% desse grupo já formalizado com CNPJ.
“O mercado está aquecido e oferece mais oportunidades. Mesmo quem não consegue emprego formal percebe o momento favorável e entra como autônomo. Com o tempo, muitos se formalizam”, explica William Kratochwill, analista do IBGE.
Número de desalentados é o menor desde 2016
Outro dado importante é o recuo no número de trabalhadores desalentados – aqueles que desistiram de procurar emprego. Em maio, eram 2,89 milhões de pessoas, o menor contingente desde 2016.
“A melhora no mercado de trabalho estimula as pessoas que estavam desmotivadas a voltarem a procurar emprego”, ressalta Kratochwill.
Apenas setor público teve aumento significativo de vagas
Das atividades pesquisadas, apenas o segmento de administração pública, defesa, educação, saúde e serviços sociais apresentou crescimento relevante na ocupação (+3,7%). O IBGE associa esse crescimento ao início do ano letivo, que tradicionalmente impulsiona contratações no setor público, como professores e profissionais de apoio escolar.
Renda média e massa salarial batem recorde
O rendimento médio do trabalhador brasileiro chegou a R$ 3.457, representando uma alta de 3,1% em relação ao mesmo período de 2024. Já a massa de rendimentos da população ocupada alcançou o maior valor já registrado, R$ 354,6 bilhões, refletindo o avanço do emprego formal e do poder de compra.
Com mais pessoas trabalhando formalmente, o número de contribuintes para a previdência social também bateu recorde: 68,3 milhões de pessoas contribuíram no trimestre.
Juros altos não impactaram o emprego, aponta IBGE
Mesmo com a taxa Selic elevada (15% ao ano) para conter a inflação acumulada de 5,32% em 12 meses, o mercado de trabalho mostrou resiliência. Segundo Kratochwill, os dados indicam que a política monetária não teve impacto relevante na geração de empregos até o momento.
“O mercado continua avançando, mostrando resistência. A trajetória futura, no entanto, dependerá das decisões econômicas do governo e de como os setores produtivos irão reagir a esse cenário”, afirmou.