Relatório divulgado pela Conferência das Nações Unidas sobre Comércio e Desenvolvimento (Unctad) aponta que a economia global pode desacelerar para 2,3% em 2025, refletindo um cenário marcado por tensões comerciais, incertezas políticas e volatilidade financeira. Segundo o levantamento, esses fatores colocam a economia mundial em trajetória de recessão, com impactos já observados em investimentos e contratações.
De acordo com a Unctad, medidas tarifárias recentes estão comprometendo cadeias de suprimentos e reduzindo a previsibilidade do ambiente econômico. Como resultado, empresas têm adiado decisões de investimento e freado novas contratações, o que contribui para a desaceleração do crescimento em diversas regiões.
A agência alerta que os efeitos da retração atingirão todas as nações, com maior impacto sobre economias mais vulneráveis, que enfrentam simultaneamente piora nas condições financeiras externas, elevação do endividamento e fragilidade no crescimento doméstico.
Na América Latina, a tendência é de continuidade na flexibilização monetária por parte da maioria dos bancos centrais, impulsionada pela desaceleração da inflação. O Brasil, no entanto, aparece como exceção. Segundo a Unctad, a economia brasileira deve registrar desaceleração significativa, com crescimento estimado em 2,2% no próximo ano, diante do aperto monetário que limita investimentos e restringe o consumo das famílias.
Apesar do cenário adverso, o relatório destaca o comércio entre países em desenvolvimento como um fator de resiliência. A Unctad vê potencial na cooperação Sul-Sul, que já representa cerca de um terço das transações comerciais globais. A agência defende o fortalecimento do diálogo e da coordenação política regional e internacional como estratégias para restaurar a confiança e manter o desenvolvimento sustentável.
Para os especialistas da Unctad, a recuperação dependerá de ações conjuntas que promovam estabilidade e incentivem investimentos, especialmente nos países em desenvolvimento, que enfrentam os maiores desafios diante do atual cenário econômico global.