A indústria siderúrgica brasileira investiu, nos últimos 14 anos, mais de R$ 170 bilhões e projeta investir mais de R$ 63 bilhões nos próximos quatro anos.
A previsão demonstra uma confiança do setor no País, mesmo em meio a um cenário nebuloso com um elevado Custo Brasil e uma alta taxa básica de juros, além de uma forte concorrência de países como China e Rússia.
O assunto foi um dos temas abordados durante a abertura do Congresso Aço Brasil 2023, considerado o mais importante evento da cadeia do aço.
Jefferson de Paula, presidente do Conselho Diretor do Instituto Aço Brasil, presidente da ArcelorMittal Brasil e CEO da ArcelorMittal Aços Longos e Mineração LATAM realizou o discurso inicial do encontro.
De acordo com ele, a indústria nacional do aço passa por momentos de dificuldades com uma intensificação do desvio de comércio predatório. Conforme Jefferson de Paula, a estimativa é que as importações do produto cresçam quase 40% neste ano em relação a 2022 e as vendas caiam cerca de 6%.
“Somos a favor da economia de mercado, mas não podemos ser ingênuos e ignorar o grave dano que a política comercial de siderúrgicas chinesas e russas estão causando na produção de aço brasileira, ao inundar o mercado de produtos a preços subsidiados”, ressaltou.
Segundo o executivo, como consequência desse cenário adverso, aliado ao alto custo para se operar no País e uma elevada Selic, considerada por ele o maior impeditivo para o crescimento da economia brasileira, o setor trabalha, atualmente, com uma capacidade ociosa de 40%. E o consumo de aço por habitante segue na casa dos 105 kg, enquanto a média mundial é de 225 kg.
33ª edição do Congresso Aço Brasil
Além de Jefferson de Paula, participaram da abertura do Congresso Aço Brasil, o presidente executivo do Instituto Aço Brasil, Marco Polo de Mello Lopes, e representantes do Estado de São Paulo e do governo federal.
Estima-se a presença presencial de 500 pessoas no Hotel Unique, na capital paulista, onde acontece a 33ª edição do evento entre esta terça-feira (26) e amanhã (27). De forma remota, a estimativa é que 200 participantes acompanhem as palestras sobre o setor.
Neste primeiro dia, serão debatidos temas como: a inserção do Brasil na nova ordem econômica mundial, o cenário atual e as perspectivas da geopolítica do aço, o desafio de atrair e reter talentos na indústria e a recuperação da competitividade sistêmica da indústria.
No último momento, serão discutidos as mudanças climáticas, transição energética, descarbonização e as tendências e desafios para a indústria do aço na visão de CEOs das principais siderúrgicas do País.