A economia brasileira iniciou o segundo trimestre com sinais consistentes de recuperação. A produção industrial cresceu pelo segundo mês consecutivo em abril, ainda que com menor intensidade em relação a março. O avanço foi confirmado nesta terça-feira (3), em linha com a projeção de alta marginal de 0,1% ajustada sazonalmente. Indicadores como o aumento no tráfego de caminhões nas rodovias e a elevação das importações de bens intermediários reforçam a expectativa de continuidade do movimento de recuperação da atividade fabril nos próximos meses.
Na mesma direção, o Índice Geral de Preços – Disponibilidade Interna (IGP-DI) de maio deve intensificar a tendência deflacionária já observada em outros índices do sistema IGP, refletindo a queda acentuada nos preços de commodities agrícolas e minerais. Produtos como milho, arroz e, especialmente, o minério de ferro registraram baixas expressivas, contribuindo para uma expectativa de deflação de 0,76% na margem. A desaceleração também deve atingir os preços ao consumidor, reforçando o ambiente de alívio inflacionário. A divulgação oficial do indicador está prevista para esta sexta-feira (6), pela Fundação Getúlio Vargas (FGV).
Outro dado que reforça o otimismo no cenário econômico nacional é o superávit da balança comercial, que em maio deve atingir US$ 8,3 bilhões — o maior resultado mensal do ano até agora, ligeiramente acima dos US$ 8,2 bilhões registrados em abril. A performance positiva é atribuída principalmente ao dinamismo do agronegócio e da agroindústria, com destaque para as exportações de café, carnes e celulose. A retomada nas vendas externas de veículos também teve papel relevante. Para o acumulado de 2025, a projeção de superávit comercial permanece em torno de US$ 76 bilhões, sustentando a posição favorável do setor externo.
No cenário internacional, a inflação na Zona do Euro também trouxe boas notícias. O Índice de Preços ao Consumidor (IPC) da região avançou 1,9% em maio, abaixo da expectativa de 2,1% e dentro da meta do Banco Central Europeu (BCE), o que fortalece a perspectiva de estabilidade de preços. Com a atividade econômica ainda fraca em muitos países do bloco, a expectativa é de que o BCE anuncie um novo corte de 0,25 ponto percentual na taxa básica nesta quinta-feira (5), reduzindo os juros para 2%. Esse será o oitavo corte consecutivo neste ciclo de flexibilização, que pode estar chegando ao fim.
Nos Estados Unidos, os próximos dados de emprego estão atraindo atenção crescente em meio à preocupação com os efeitos da nova política tarifária adotada pela administração Trump. Os relatórios JOLTS e payroll de maio serão fundamentais para avaliar a saúde do mercado de trabalho. A última leitura do JOLTS mostrou 7,2 milhões de vagas em aberto, mas sinais de enfraquecimento já são perceptíveis. O payroll, que criou 177 mil empregos em abril, deve registrar cerca de 130 mil novos postos em maio. Caso o número se confirme, pode reforçar a leitura de desaceleração, impactando as projeções sobre consumo e inflação. Esses dados serão determinantes para os próximos passos do Federal Reserve (Fed) em relação à taxa de juros americana.
Com a indústria em recuperação, deflação em curso e exportações fortalecidas, o Brasil começa a alinhar variáveis importantes para uma retomada econômica mais sustentada, ao mesmo tempo em que o cenário global se acomoda a novos ciclos de política monetária.