A produção industrial brasileira encerrou uma sequência de três meses consecutivos de queda ao registrar variação nula (0,0%) na passagem de dezembro de 2024 para janeiro de 2025. Apesar da estagnação mensal, o setor apresentou crescimento de 1,4% na comparação com janeiro de 2024 e acumulou expansão de 2,9% nos últimos 12 meses , segundo dados divulgados pela Pesquisa Industrial Mensal (PIM).
Fim do ciclo negativo
O resultado de janeiro interrompeu um período de retração que acumulou perda de 1,2% entre outubro e dezembro de 2024 , com taxas negativas de -0,2% , -0,7% e -0,3% , respectivamente. O desempenho positivo foi impulsionado pela retomada da produção em segmentos que haviam registrado queda no final do ano anterior, especialmente por conta de férias coletivas.
Segundo André Macedo , gerente da pesquisa, a volta à produção após as paradas de fim de ano contribuiu para o dinamismo observado em janeiro. “Há um movimento de maior atividade industrial neste mês, eliminando parte das perdas registradas em dezembro”, explicou.
Destaques positivos
Na passagem mensal, três das quatro grandes categorias econômicas e 18 dos 25 ramos pesquisados mostraram avanço. Os destaques ficaram com:
- Máquinas e equipamentos (6,9%) : Impulsionado pela produção de árvores de natal molhadas para oleodutos, tratores agrícolas e máquinas para o setor agrícola.
- Veículos automotores, reboques e carrocerias (3,0%) : Com alta na fabricação de automóveis, caminhões e autopeças.
Outros setores que contribuíram positivamente incluem:
- Produtos de borracha e material plástico (3,7%)
- Artefatos de couro, artigos para viagem e calçados (9,3%)
- Produtos farmoquímicos e farmacêuticos (4,8%)
- Máquinas, aparelhos e materiais elétricos (4,3%)
- Móveis (6,8%)
- Manutenção, reparação e instalação de máquinas e equipamentos (5,0%)
- Produtos alimentícios (0,4%)
Impactos negativos
Por outro lado, seis atividades registraram queda na produção, com destaque para:
- Indústrias extrativas (-2,4%) : Interrupção de dois meses consecutivos de crescimento, influenciada pela redução na produção de petróleo e minério de ferro, além de paralisações programadas em plataformas de petróleo e gás.
- Coque, produtos derivados do petróleo e biocombustíveis (-1,1%)
- Celulose, papel e produtos de papel (-3,2%)
- Confecção de artigos do vestuário e acessórios (-4,7%)
Desempenho anual e perspectivas
Na comparação com janeiro de 2024, o setor industrial cresceu 1,4% , marcando o oitavo mês consecutivo de expansão. No entanto, essa foi a menor taxa positiva da sequência, acompanhada de um ritmo mais moderado de crescimento.
Os principais impulsionadores do resultado anual foram:
- Veículos automotores, reboques e carrocerias (13,4%)
- Máquinas e equipamentos (14,1%)
- Máquinas, aparelhos e materiais elétricos (14,5%)
Outras contribuições relevantes vieram de setores como produtos farmoquímicos e farmacêuticos, metalurgia, produtos têxteis e produtos de borracha e material plástico.
Análise e perspectivas futuras
Embora a indústria tenha mostrado sinais de recuperação em janeiro, especialistas alertam para desafios no curto prazo. A elevação dos juros e a desaceleração da economia global podem impactar negativamente a demanda interna e externa. Além disso, interrupções sazonais, como as observadas nas indústrias extrativas, continuam a representar riscos para a continuidade do crescimento.
“O cenário ainda é de incerteza, e o comportamento futuro dependerá de variáveis como a evolução dos custos de produção, a política monetária e as condições do mercado externo”, concluiu Macedo.
Com isso, o setor industrial demonstra resiliência, mas segue atento aos fatores que podem influenciar sua trajetória nos próximos meses.