Fortaleza – CE | quinta-feira 7 de agosto de 2025 / 02:55

Inflação dá sinais de alívio, mas segue acima da meta

Boletim Focus aponta leve recuo nas projeções inflacionárias, mas IPCA ainda ultrapassa teto da meta e taxa Selic deve continuar alta até o fim do ano

A mais recente edição do Boletim Focus, divulgada nesta segunda-feira (4) pelo Banco Central (BC), trouxe um leve ajuste para baixo na previsão da inflação oficial do país. A estimativa para o Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA) passou de 5,09% para 5,07% em 2025, configurando a décima redução consecutiva. Apesar do recuo, a projeção ainda ultrapassa o teto da meta de 4,5%, estabelecida pelo Conselho Monetário Nacional (CMN).

Para os anos seguintes, o mercado projeta inflação em 4,43% (2026), 4% (2027) e 3,8% (2028). A meta oficial é de 3% ao ano, com intervalo de tolerância de 1,5 ponto percentual para cima ou para baixo. Portanto, a previsão atual de 2025 já representa o descumprimento da meta, obrigando o presidente do BC a justificar publicamente os motivos e as medidas corretivas, conforme previsto no novo regime de metas adotado em 2024.

Em junho, o IPCA subiu 0,24%, pressionado pela alta da energia elétrica, mas com destaque para a primeira queda nos preços dos alimentos em nove meses. No acumulado de 12 meses, no entanto, a inflação atingiu 5,35%, completando seis meses consecutivos acima do limite superior da meta.

Selic alta deve permanecer por mais tempo

Para conter a inflação, o Comitê de Política Monetária (Copom) manteve a taxa Selic em 15% ao ano na última reunião, encerrando uma série de sete aumentos consecutivos iniciada em setembro de 2024. A decisão foi influenciada pelo cenário de inflação resistente e incertezas externas, especialmente diante do impacto da nova política tarifária dos Estados Unidos que entra em vigor em agosto.

Embora tenha interrompido o ciclo de alta, o Copom indicou que a política monetária seguirá restritiva e não descartou novas elevações da Selic caso a inflação volte a ganhar força. A projeção do mercado é que a taxa básica permaneça em 15% até o fim de 2025, com recuos graduais nos anos seguintes: 12,5% em 2026, 10,5% em 2027 e 10% em 2028.

A Selic elevada visa controlar a demanda e frear os preços, mas também encarece o crédito, freia o consumo e pode inibir o crescimento econômico — efeitos que já se manifestam em diversos setores.

Crescimento do PIB segue moderado

A previsão para o Produto Interno Bruto (PIB) brasileiro em 2025 segue em 2,23%, segundo o Focus. Para os próximos anos, as projeções foram levemente ajustadas: 1,88% (2026), 1,95% (2027) e 2% (2028). No primeiro trimestre deste ano, o PIB cresceu 1,4%, impulsionado principalmente pela agropecuária. Em 2024, o país havia registrado alta de 3,4%, consolidando quatro anos consecutivos de crescimento econômico.

Dólar e expectativas cambiais

No mercado cambial, o boletim projeta a cotação do dólar em R$ 5,60 até o fim de 2025. Para 2026, a expectativa é de R$ 5,70. O câmbio segue sensível ao cenário externo e às decisões de política monetária dos EUA, o que adiciona volatilidade às projeções brasileiras.

Em resumo, embora as estimativas para a inflação estejam em trajetória de queda, o IPCA segue acima da meta, mantendo a pressão sobre os juros e a atividade econômica. O BC, por ora, opta por manter a cautela diante de um ambiente que ainda exige vigilância monetária.

Fonte: Redação

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