Fortaleza – CE | terça-feira 17 de junho de 2025 / 13:37

Investimentos em infraestrutura avançam, mas Brasil ainda enfrenta desafios estruturais

Previsão da CNI aponta alta nos aportes em 2025, com protagonismo do setor privado, mas participação no PIB segue abaixo do ideal

Os aportes em infraestrutura no Brasil devem alcançar R$ 277,9 bilhões em 2025, de acordo com estimativa divulgada pela Confederação Nacional da Indústria (CNI) nesta sexta-feira (13). O valor representa um crescimento de 4,2% em relação ao volume investido no ano anterior, consolidando uma tendência de expansão no setor. Apesar disso, a participação desses investimentos no Produto Interno Bruto (PIB) deve cair de 2,27% em 2024 para 2,21% neste ano, um número ainda distante do patamar considerado adequado para o desenvolvimento sustentável da infraestrutura nacional.

Segundo o analista da CNI, Ramon Cunha, o Brasil tradicionalmente investe menos do que o necessário para manter sua infraestrutura em níveis adequados. Ele destaca que, em muitos segmentos, os aportes não são suficientes sequer para compensar a depreciação natural dos ativos. Essa defasagem se reflete em problemas recorrentes como estradas deterioradas, fornecimento de energia instável, serviços precários de telecomunicações e deficiências no abastecimento de água e saneamento básico.

Entre os setores com maior expectativa de crescimento nos investimentos estão o saneamento básico e os transportes, áreas críticas para a qualidade de vida e a competitividade do país. A previsão da CNI indica que 72,2% dos recursos virão da iniciativa privada, mantendo a predominância observada desde 2019, quando o capital privado passou a responder por mais de 70% dos aportes no setor.

Apesar dos avanços recentes, a CNI ressalta que a infraestrutura brasileira ainda precisa superar obstáculos relevantes para garantir condições adequadas ao crescimento econômico e à inserção competitiva no cenário internacional. Entre os principais entraves estão a complexidade regulatória, a lentidão nos processos de licenciamento ambiental e a escassez de investimentos públicos com foco estratégico.

Como parte do estudo, a CNI apresenta um conjunto de recomendações para modernizar o setor. Uma das principais propostas é transformar o investimento em infraestrutura em uma política de Estado, com foco em governança e continuidade. Também se propõe a ampliação dos investimentos públicos de forma racional e eficiente, priorizando projetos com maior impacto social e econômico.

Outras medidas incluem a rigorosa seleção de projetos públicos e parcerias público-privadas (PPPs), o fortalecimento da segurança jurídica para investidores, a melhoria da regulação setorial e a ampliação do uso dos mercados de capitais como fonte de financiamento de longo prazo.

A confederação também destaca o papel estratégico do Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES) como estruturador de projetos sustentáveis. O objetivo é que o país avance gradualmente até alcançar o nível ideal de investimentos em infraestrutura, estimado em pelo menos 4% do PIB, considerado fundamental para garantir competitividade, produtividade e bem-estar social.

Fonte: Redação

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