Fortaleza – CE | quinta-feira 24 de abril de 2025 / 04:46

Novas tarifas dos EUA podem custar quase R$ 1 Bilhão em exportações de aço do ceará

O Páis americano, principal destino dos produtos siderúrgicos cearenses, impõem desafios com aumento de impostos; especialistas apontam prejuízos e necessidade de diversificação

O anúncio do presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, de novas tarifas sobre produtos brasileiros, incluindo aço e alumínio, pode resultar em perdas significativas para as empresas do Ceará. Com os EUA sendo o principal destino das exportações cearenses de aço, o impacto econômico é considerável, com prejuízos projetados na casa de quase R$ 1 bilhão.

Impacto Direto no Setor Siderúrgico Cearense

A decisão de taxar em 25% o aço importado dos EUA, seguida pela nova tributação adicional de 10%, coloca o Ceará em uma situação delicada. O aço representa 38% das exportações estaduais em 2024, sendo que cerca de 80% desse total foi destinado aos EUA. Em números, isso equivale a US$ 438 milhões (R$ 2,5 bilhões), ou 1,2% do Produto Interno Bruto (PIB) estadual.

Segundo Eldair Melo, mestre em Economia e integrante do Conselho Regional de Economia do Ceará (Corecon-CE), as exportações já deveriam ter caído pelo menos 20% com a primeira taxação. Agora, com o novo “tarifaço”, o prejuízo tende a ser ainda maior. “Ainda não está claro se essa nova taxa será incorporada à existente, mas os impactos adversos no setor siderúrgico do estado são inevitáveis”, explica.

Necessidade de Diversificação

O economista Alex Araújo ressalta que as medidas de Trump são prejudiciais à balança comercial cearense e enfatiza a urgência de diversificar a pauta de exportações. “O governo e as empresas precisam ampliar negociações com os EUA enquanto buscam novos mercados. Setores como agronegócio, produtos manufaturados e amêndoas podem ganhar espaço para compensar as perdas causadas pela queda nas vendas de aço”, sugere.

Perspectiva de Curto Prazo

Embora as tarifas anunciadas sejam altas, especialistas acreditam que seus efeitos serão mais perceptíveis no curto prazo. Eldair Melo destaca que, como a China, maior concorrente do Brasil no mercado americano, também foi afetada por tarifas maiores, as siderúrgicas brasileiras podem ter uma vantagem relativa em relação ao aço chinês. “Isso pode mitigar parte dos impactos negativos, mas não elimina a necessidade de adaptação”, observa.

Alex Araújo acrescenta que, inicialmente, os preços dos produtos cearenses ficarão menos competitivos nos EUA. No entanto, com a abertura de novos mercados e estratégias de readequação, o setor poderá encontrar soluções para minimizar os prejuízos a longo prazo.

Estratégias Futuras

Para reduzir a dependência do mercado norte-americano, Eldair Melo sugere que o Ceará invista em produtos siderúrgicos mais manufaturados, com maior valor agregado. Além disso, é crucial diversificar os parceiros comerciais, explorando mercados fora do eixo tradicional de exportação. “Setores como calçados, têxtil e fruticultura podem ser fortalecidos como parte dessa estratégia”, conclui.

O Diário do Nordeste procurou a ArcelorMittal e a Federação das Indústrias do Estado do Ceará (Fiec) para comentários sobre o impacto das novas tarifas, mas não obteve resposta até a publicação desta matéria.

Fonte: Redação

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