Fortaleza – CE | domingo 9 de março de 2025 / 01:05

PIB do Brasil deve crescer acima de 3% em 2024, mas com desaceleração no fim do ano

Economia mostra perda de fôlego no 4º trimestre, apontando cenário mais moderado para 2025

A economia brasileira deve registrar um crescimento robusto pelo segundo ano consecutivo em 2024, com projeções indicando uma expansão do Produto Interno Bruto (PIB) ao redor de 3,5%. No entanto, sinais de desaceleração no último trimestre sinalizam um ritmo mais moderado para 2025. O resultado oficial do PIB será divulgado nesta sexta-feira (7) pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE).

O governo federal estima um crescimento de 3,5% para o PIB em 2024, alinhado às previsões do Banco Central (BC). Já o mercado financeiro projeta uma alta marginalmente menor, de 3,49%, após sucessivas revisões para cima no Boletim Focus, que reúne as expectativas dos analistas. No início do ano, as apostas para o crescimento giravam em torno de 1,75%.

Segundo Tatiana Pinheiro, economista-chefe da Galapagos Capital, o bom desempenho do setor de Serviços, o aumento do consumo das famílias e a força das importações devem marcar o resultado do quarto trimestre. A empresa projeta uma expansão de 0,6% no período, em comparação ao trimestre anterior. Apesar disso, trata-se de uma desaceleração frente aos resultados anteriores: alta de 0,9% no terceiro trimestre, 1,4% no segundo e 1,1% no primeiro, conforme revisões recentes.

Juros elevados pressionam atividade econômica

A perda de fôlego na reta final do ano é atribuída à política monetária contracionista, com a taxa Selic encerrando 2024 em 13,25%. Para Alex Agostini, economista-chefe da Austin Rating, o movimento faz parte de um ajuste necessário para controlar a inflação sem comprometer o mercado de trabalho.

“Embora não estejamos falando em recessão para 2025, há riscos internos e externos que podem resultar em queda do PIB em um ou dois trimestres”, alerta Agostini. Entre os fatores de preocupação estão o impacto das políticas comerciais do governo Trump e a manutenção de juros elevados nos Estados Unidos, que podem desacelerar a economia global.

Brasil mantém posição entre as maiores economias, mas com riscos

Apesar da desaceleração, o Brasil deve permanecer como a 9ª maior economia do mundo em 2024, posição conquistada em 2023. Contudo, a desvalorização de cerca de 27% do real no ano pode levar o país à 10ª posição em 2025, segundo projeções da Austin Rating.

Para Emerson Marçal, professor da Escola de Economia de São Paulo da Fundação Getulio Vargas (FGV), as pressões inflacionárias continuarão a ser um desafio em 2025. “A escassez de fatores de produção, refletida no aumento das importações e na alta da inflação, contribuiu para uma atividade mais fraca no final de 2024”, explica.

Perspectivas para 2025: tendência de moderação

Os economistas consultados pela CNN destacam que o aperto monetário deve continuar restringindo a atividade econômica em 2025. Bruno Martins, economista do BTG Pactual, aponta que a tendência de desaceleração deve se intensificar ao longo do ano, com expectativa de crescimento de apenas 1,5%.

No entanto, existem riscos altistas que podem alterar esse cenário. Programas de estímulo fiscal e creditício anunciados pelo governo podem impulsionar a economia, mas também pressionar ainda mais a inflação. “Esses fatores podem gerar volatilidade e impactar negativamente o controle da inflação”, afirma Martins.

Com isso, o Brasil caminha para um 2025 marcado por moderação no crescimento econômico, reflexo tanto das políticas domésticas quanto do cenário internacional.

Fonte: Redação

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