Os preços da indústria brasileira registraram uma variação negativa de 0,12% em fevereiro de 2025 na comparação com janeiro, encerrando uma sequência de 12 altas consecutivas. O Índice de Preços ao Produtor (IPP), que mede os preços de produtos “na porta de fábrica”, acumulou alta de 9,41% nos últimos 12 meses, enquanto o resultado acumulado no ano ficou praticamente estável, em 0,03%. Os dados foram divulgados nesta quarta-feira, 9, pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE).
Impacto Cambial e Comportamento Setorial
O resultado de fevereiro foi fortemente influenciado pela variação cambial. Entre janeiro e fevereiro, o dólar registrou uma queda de 4,3% frente ao real, a maior desde fevereiro de 2022. Essa depreciação impactou diretamente os preços de produtos exportáveis e importados, explicando tanto as quedas recentes quanto as altas observadas nos últimos meses. Apesar da queda mensal, o dólar ainda acumula alta de 16,1% nos últimos 12 meses, contribuindo para o aumento acumulado do IPP nesse período.
Entre as atividades industriais, destacaram-se as variações negativas em setores como indústrias extrativas (-3,39%), alimentos (-0,84%) e outros equipamentos de transporte (-2,76%). Por outro lado, segmentos como refino de petróleo e biocombustíveis (2,37%) e outros produtos químicos (2,41%) apresentaram crescimento significativo.
Setor de Alimentos: Queda Pelo Segundo Mês Consecutivo
O setor de alimentos (-0,84%) registrou queda pelo segundo mês seguido, após nove meses consecutivos de altas. O acumulado no ano está em -1,70%, enquanto a variação em 12 meses alcançou 13,96% em fevereiro de 2025, o maior índice desde julho de 2022. A redução nos preços foi impulsionada por itens como carnes bovinas, arroz e derivados da soja, que enfrentaram maior oferta no mercado interno devido ao início da safra agrícola.
“A queda nos preços dos alimentos está relacionada à maior oferta de produtos como carnes, arroz e derivados da soja, além da influência da variação cambial sobre os preços de commodities exportáveis”, explica Murilo Alvim, gerente do IPP.
Indústrias Extrativas: Maior Queda do Mês
A atividade de indústrias extrativas (-3,39%) apresentou a variação mais intensa entre todas as pesquisadas em fevereiro. O recuo foi atribuído principalmente à queda nos preços dos óleos brutos de petróleo, alinhados à cotação internacional, e ao impacto da desvalorização do dólar no mês. Esse resultado foi determinante para o desempenho negativo do IPP geral.
Refino de Petróleo: Alta Relevante
Por outro lado, o setor de refino de petróleo e biocombustíveis (2,37%) destacou-se positivamente, registrando sua quarta alta consecutiva. O acumulado no ano atingiu 3,89%, enquanto a variação em 12 meses chegou a 9,76%, a maior desde julho de 2024. Esse crescimento reforça a relevância do setor como motor dos preços industriais no curto prazo.
Grandes Categorias Econômicas
Pela perspectiva das grandes categorias econômicas, a variação de preços observada em fevereiro refletiu os seguintes resultados: -0,76% para bens de capital (BK); -0,09% para bens intermediários (BI); e -0,04% para bens de consumo (BC). No detalhamento dos bens de consumo, os duráveis (BCD) tiveram alta de 0,35%, enquanto os semiduráveis e não duráveis (BCND) registraram queda de 0,11%. Os bens de capital (-0,06 ponto percentual) foram os principais responsáveis pela influência negativa no IPP de fevereiro.
O recuo de 0,12% nos preços da indústria em fevereiro de 2025 marca uma pausa na trajetória de altas observada nos últimos meses. Fatores como a variação cambial e ajustes sazonais em setores estratégicos, como alimentos e indústrias extrativas, explicam o comportamento do IPP. Apesar do resultado negativo, o acumulado em 12 meses permanece elevado, evidenciando os desafios e oportunidades enfrentados pelo setor industrial no cenário atual.