Fortaleza – CE | quinta-feira 24 de abril de 2025 / 08:49

Varejistas demonstram cautela e reduzem otimismo em meio a cenário econômico desafiador

Índice de confiança do comércio cai 2,1% em fevereiro, refletindo impacto de juros elevados

Pelo segundo mês consecutivo, o Índice de Confiança do Empresário do Comércio (Icec) apresentou queda em fevereiro, recuando 2,1% na comparação com janeiro e 5,4% em relação ao mesmo período do ano anterior. O indicador atingiu 103,7 pontos, ainda acima do nível de satisfação, que é marcado por valores superiores a 100 pontos.

De acordo com a Confederação Nacional do Comércio de Bens, Serviços e Turismo (CNC), a pesquisa reflete um clima de menor otimismo no varejo diante de um cenário econômico mais complexo. A queda foi influenciada pela redução de quase todos os componentes analisados, com destaque para o subíndice “condições atuais da economia”, que registrou retração de 6,5% na variação mensal e 18,7% no comparativo anual. O único componente em alta foi o de “intenções de investimento em estoque”, que cresceu 0,1% tanto na comparação mensal quanto na anual.

“A queda da confiança está alinhada ao ambiente de juros elevados e à trajetória econômica mais desafiadora do que no início de 2024. Esses fatores continuam impactando as decisões dos empresários, exigindo maior cautela na gestão dos negócios. O otimismo do setor é crucial para impulsionar investimentos e estimular o crescimento do país”, afirmou José Roberto Tadros, presidente do Sistema CNC-Sesc-Senac.

O saldo negativo do Icec foi ampliado pela retração em todos os segmentos pesquisados. O setor de supermercados, farmácias e lojas de cosméticos liderou as quedas, com recuo de 3,3% na variação mensal. Em seguida, o segmento de roupas, calçados, tecidos e acessórios registrou queda de 1,7%, enquanto o grupo de eletroeletrônicos, eletrodomésticos, móveis e decorações, cine/foto/som, materiais de construção e veículos teve uma redução de 2,7%.

“Os comerciantes têm sentido fortemente os efeitos da taxa Selic em patamares elevados, com perspectivas de novos aumentos. Isso fica evidente na percepção atual do comércio, especialmente nas atividades ligadas a bens de maior valor agregado, como eletroeletrônicos, móveis e materiais de construção, que caíram 5,3% em relação a janeiro. Esses segmentos são os mais sensíveis à evolução dos juros”, explicou Felipe Tavares, economista-chefe da CNC.

A combinação de juros altos, inflação persistente e incertezas econômicas tem pressionado o setor varejista, levando os empresários a adotarem posturas mais conservadoras. Para especialistas, o monitoramento contínuo desses indicadores será essencial para avaliar a capacidade do comércio de se recuperar nos próximos meses.

Fonte: Redação

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