A Inteligência Artificial na Arquitetura
A Inteligência Artificial (IA) e a arquitetura vão se unir para resolver desafios com a habitação e a forma como vivemos. Os especialistas esperam um aumento dramático nas cidades, o que fará com que incontáveis megacidades se formem ao redor do mundo. Essa mudança exige infraestrutura em grande escala, inovação e inclusão.
O papel da inteligência artificial em conjunto com o da arquitetura é bastante direto. A IA acelera o estudo do contexto, o planejamento e a execução. Os arquitetos podem se beneficiar muito ao aprender mais sobre os dados, como aplicá-los e como dar os primeiros passos agora para incorporar a inteligência artificial na prática. Isso é essencial para o futuro da profissão. Nos últimos anos, a tecnologia e a automação na arquitetura dispararam, abrangendo agora todos os aspectos da prática, incluindo entrega, desempenho e avaliação de projetos.
Em alguns casos, parece que empresas de construção e software estão incorporando IA mais rapidamente do que escritórios de arquitetura, o que pode deixar os arquitetos de fora das principais decisões sobre como a tecnologia influenciará a prática. É verdade que os algoritmos estão criando edifícios melhores em muitos aspectos, “mas é infundado que a IA possa substituir os humanos, especialmente como designers”, diz Patrick Hebron, designer de experiência do usuário da Adobe Systems e professor adjunto de graduação na New York University. “A IA tem alcance limitado sobre a natureza e tendências da experiência humana”.
A adoção de IA, especialmente em indústrias criativas, tem seus obstáculos. Alguns designers estão preocupados com a substituição de trabalhadores humanos pela IA. Dado que o objetivo da inteligência artificial é criar máquinas ou programas capazes de auto direcionamento e aprendizagem, essa preocupação é lógica. No entanto, a maioria dos especialistas concorda que a IA tem o potencial de tornar a arquitetura mais fácil, mais eficiente e ainda mais segura.
Os computadores se destacam na solução de problemas com respostas claras; imensa capacidade de processar dados e fazer tarefas repetitivas, o que libera tempo para os humanos serem criativos e trabalharem em problemas mais abertos – e isso não falta no design de arquitetura.
Na prática, muitos profissionais da arquitetura ainda precisam incorporar dados e automação em seu fluxo de trabalho diário. Quando se trata de IA, este processo naturalmente começa com dados. Inteligência artificial é a aplicação de dados – dados é o que as máquinas aprendem – e também no campo da arquitetura não faltam oportunidades para obtê-los. Para que os arquitetos confiem nos dados e os aproveitem por meio da inteligência artificial no processo de design, a primeira etapa é apenas começar a acumular o máximo possível de dados e eventualmente, para execução de projetos, criar uma plataforma de compartilhamento destes dados entre arquitetos, empreiteiros, sponsors (os proprietários do projeto) e outras partes relacionadas.
A curva de aprendizado pode inicialmente parecer íngreme, mas iniciativas para buscar, avaliar, experimentar ferramentas já existentes é o que realmente ajudará os arquitetos a começar a entender o potencial do big data e da inteligência artificial e, em curto prazo, aumentar sua produtividade.
Melhor eficiência de construção
As ferramentas e programas de software agora podem tornar os cálculos de construção e a análise ambiental uma tarefa muito mais simples. Arquitetos podem hoje ter acesso a uma grande quantidade de dados e transformar estes dados em informações como temperatura e dados meteorológicos, classificações de materiais e muito mais – tudo o que, de outra forma, exigiria um tempo significativo para compilar – pode ser feito com muito mais facilidade.
Quando se trata de planejar uma construção, pegar atalhos pode não ser uma boa ideia. Mas a IA pode reduzir significativamente o tempo que se leva para planejar e projetar uma estrutura por meio do Building Information Modeling (BIM). O Computer-Aided Design (CAD) foi fundamental na criação de modelos 2 e 3-D de edifícios, mas o BIM está um passo adiante e incorpora informações sobre o produto, tempo e custos, dando ao arquiteto todo o escopo de um projeto. Além disso, assim como a realidade virtual e a realidade aumentada conquistaram a indústria de videogames, agora estão encontrando um lugar cada vez mais essencial na arquitetura e no design.
Atualizar o processo de construção
Cerca de 7% da força de trabalho mundial está na indústria da construção, mas tradicionalmente é uma das indústrias menos avançadas tecnologicamente. Mas há um grande potencial para a integração da IA na construção e isso pode reduzir os custos de construção em até vinte por cento. Aqui a arquitetura e a engenharia caminham de mãos dadas.
Design para interação em larga escala
Em todo o mundo, os feeds de vídeos coletam dados sobre o comportamento e os padrões de uso das pessoas. Por exemplo, a IA já está sendo usada para otimizar o fluxo em museus e aeroportos. Levando isso para o próximo nível, as empresas poderiam projetar edifícios que se integram para criar cidades inteligentes inteiras com base nas maneiras como as pessoas interagem com o ambiente e como se sentem em espaços públicos.
A questão do urbanismo merece uma atenção especial. Não é tão difícil imaginar empresas usando IA para projetar cidades inteligentes. Além disso, já estamos interagindo com o nosso entorno através da tecnologia disponível atualmente. Portanto, usar a mesma tática em espaços públicos não parece uma ideia tão rebuscada. Arquitetura tem tudo a ver com maximizar o espaço usando inovação. E todos esses avanços tecnológicos tornam isso muito mais viável. Em outras palavras, pode levar essa área a um nível completamente diferente. Pode ajudar os arquitetos a compreender os níveis e padrões de tráfego para renovar as cidades. Embora possa parecer uma tarefa complicada, a IA pode simplificar os esforços e fornecer dados e informações de extremo valor, para não dizer essenciais.
Cidades inteligentes
O desenvolvimento de smart cities é central na priorização estratégica do desenvolvimento sustentável. Aqui temos um conjunto de objetivos que compõe os chamados ODSs da ONU (Objetivos para o desenvolvimento sustentável da Organização das Nações Unidas). O tema de smart cities está ligado diretamente a vários destes objetivos e, de forma mais direta / explicita, ao objetivo número 11. Em outras palavras, tornar as cidades e os assentamentos humanos inclusivos, seguros, resilientes e sustentáveis.
E se por um lado a arquitetura tem um papel central nesta empreitada em busca de cidades inteligentes e sustentáveis, a característica multidisciplinar deste objetivo nos liga também de forma inexorável à engenharia e à ciência da computação, com extraordinárias oportunidades para estas três áreas. Estas oportunidades estarão ao alcance dos privilegiados profissionais que tiverem as competências e habilidades para usufruírem destas preciosas conexões e interações. Na verdade, as conexões e complementaridades entre estas três áreas do conhecimento, como se pode perceber ao longo deste texto, são muito amplas e muito promissoras.