Arquitetura inclusiva: especialistas falam sobre projetos com acessibilidade
Conversamos com arquitetas que comentaram sobre a relevância de construções pensadas para indivíduos com deficiência
De acordo com o Decreto Federal 9.451, desde janeiro do ano passado, os projetos de apartamentos residenciais devem ser entregues convertidos ou aptos à conversão futura para o uso de pessoas com deficiências físicas ou mobilidade reduzida. Diante disso, a chamada Lei de Inclusão fez com que construtoras, incorporadoras e arquitetos tiveram que repensar os projetos para atender às exigências necessárias.
Para a execução das determinações, devem ser considerados, entre outros aspectos construtivos, a largura de portas e corredores, desníveis e a altura de guarda-corpo, como explicamos detalhadamente nesta matéria. Para tanto, o comprador do imóvel deve sinalizar o desejo por uma unidade com acessibilidade e as adaptações não podem gerar custos adicionais ao proprietário.
Contudo, segundo Viviane Rubio, professora de Arquitetura e Urbanismo da Universidade Presbiteriana Mackenzie, ainda é possível verificar ajustes nos projetos recentes, uma vez que os edifícios que estão em construção hoje foram aprovados há cerca de dois anos. “Porém, desde a publicação da Norma Brasileira da NBR 9050 (Acessibilidade a edificações, mobiliário, espaços e equipamentos urbanos – terceira edição, 2015) pela Associação Brasileira de Normas Técnicas (ABNT), os empreendimentos tanto públicos quanto privados devem ser pensados para atender às necessidades de pessoas com restrições de mobilidade”, afirma a especialista.
Por outro lado, arquiteta Silvana Cambiaghi relata que, na maioria das vezes, as opções acessíveis de unidades residenciais não são oferecidas ou citadas nos estandes de vendas, o que é um equívoco que pode ocasionar a desinformação, já que as moradias convencionais não foram pensadas para que pessoas com necessidades especiais as habitassem: “Ou seja, essas casas não foram projetadas pensando na diversidade física e sensorial dos indivíduos”, diz.
Conscientização
Diante disso, Viviane alerta que, mesmo com o decreto, ainda é preciso mudar a mentalidade da população em geral no que diz respeito às dificuldades de mobilidade, em todos os ambientes. “Deve-se compreender que uma calçada adequada à circulação de cadeiras de rodas, por exemplo, é melhor para todos os pedestres. Deste modo, o espaço mais amplo para a circulação é mais confortável do ponto de vista inclusive do conforto ambiental.”
Já a arquiteta Patricia Martinez, salienta que a Lei da Inclusão é essencial para o aumento da conscientização, além de possibilitar o acesso igualitário a pessoas com deficiência por meio de uma vivência digna.