O que é arquitetura biofílica?
A busca pela reconexão com a natureza proposta pela biofilia chega à arquitetura tanto nos interiores quanto no paisagismo
“Sabe aquele geladinho gostoso das pedras naturais?” É assim que a arquiteta Vivan Coser começa a explicar o que é arquitetura biofílica. A ciência começou a ser estudada nos anos 1960, mas só se popularizou a partir de 1980 quando o biológo Edward O. Wilson apontou como a urbanização nos desconectava da natureza.
É exatamente esta reconexão com o que é natural que é proposta pela biofilia. O termo grego significa ‘amor às coisas vivas’. “É uma busca pelo bem-estar e por conforto emocional”, explica a arquiteta Nara Grossi, do escritório It’s Informov. “É uma lógica de raciocínio que pode ser aplicada em diversos momentos”, complementa.
Na arquitetura, a biofilia se aplica no uso de materiais naturais, na potencialização da iluminação natural e ventilação cruzada, e, é claro, na presença de plantas. “É uma volta às origens e com a valorização do que é nosso. Por isso, no paisagismo prevalecem as espécies tropicais”, indica o paisagista Rodrigo Oliveira. O profissional apostou na biofilia para desenvolver seus projetos em parceria com a Idea!Zarvos. “No edifício OITO, por exemplo, fizemos uma floresta que é menos desenhada, mas carrega conforto visual e abraça as pessoas”, explica.
Nos interiores, madeira, bambu e pedras são os revestimentos que levam o toque de natureza para dentro de casa. “Também é válido pensarmos nas origens desses materiais. Temos uma grande variedade de pedras brasileiras, por exemplo, que são belíssimas e é muito mais sustentável do que a escolha por aquelas que precisam percorrer grandes distâncias para chegar até a sua casa”, aponta Vivian.
Outra dica interessante é brincar com o jogo de sombras e luzes. “Um biombo pode projetar diferentes cenários ao longo do dia graças à sombra que ele projeta”, indica Nara. Já o uso de espelhos ajuda a refletir a luz natural, importantíssima para mantermos o ciclo circardiano biológico ajustado – além de ser uma delícia acompanharmos o cair da luz durante o dia.
Sem dúvidas, a biofilia, muito mais do que uma ciência, surge como uma grande necessidade dos tempos atuais, que foi ainda mais acentuada durante a pandemia. Afinal, quem não conhece alguém que passou a cultivar mais plantas dentro de casa, por exemplo? Ou que instalou o home office na varanda para garantir o banho de sol diário? “Na arquitetura, com certeza, a biofilia veio para ficar e transformar nossa relação com a natureza”, finaliza Vivian.