Porto do Pecém voltará a exportar granito

A proposta é que a operação seja realizada a cada dois ou três meses por navios Gearbulk

A operação para exportar sete mil toneladas de granito pelo Porto do Pecém será realizada pela Tecer Terminais Portuários. As negociações foram firmadas durante a 24ª Intermodal, maior feira de logística da América Latina

O Porto do Pecém vai voltar a exportar granito a partir do próximo mês de abril. De acordo com Rebeca Oliveira, diretora comercial da Companhia de Integração Portuária do Ceará (Cearáportos), a operação vai movimentar sete mil toneladas do produto, originário do Ceará e da Paraíba, e deve ser realizada a cada dois ou três meses, devido à complexidade que o processo de transporte do material exige.

“É um transporte muito trabalhoso, que leva um tempo”, pondera a diretora. Por questões de negociação com os portos, a produção de rochas ornamentais do Ceará para exportação estava sendo escoada pelos portos do Mucuripe, em Fortaleza, de Cabedelo, na Paraíba, mas a maior parte segue para o Espírito Santo, onde é beneficiado pelas indústrias capixabas antes de ser exportado pelo estado.

Navios da Gearbulk farão o transporte do material. “O navio já vem do Espírito Santo, passa pelo Ceará e algumas vezes vai passar no Maranhão para pegar celulose. Ele vai poder pegar vários tipos de commodities em vários estados, e isso barateia o frete”, explica a diretora Rebeca Oliveira. “Atracar no Porto do Pecém é uma vantagem porque aumenta o volume de negócios”.

Segundo Oliveira, a posição geográfica do Porto, a qualidade das instalações do equipamento e a profundidade natural do Porto do Pecém foram alguns dos fatores que ajudaram na viabilização do negócio. “Nós temos um ótimo calado para receber navios desse porte e toda uma infraestrutura adicional para operar esse tipo de carga, além da facilidade de rota para os principais destinos internacionais”, afirma.

A operação para movimentar as sete mil toneladas de granito que serão exportadas pelo Porto do Pecém será realizada pela Tecer Terminais Portuários. Esse tipo de carga já foi movimentado no porto cearense há alguns anos, mas com o avanço da tecnologia e dos tipos de equipamentos instalados no porto a operação está mais rápida e eficiente, um ganho na produtividade e mais um fator de atração para os exportadores.

“Esse primeiro navio vai viabilizar uma série de outros navios. A operação de granito exige diferenciais que o Porto do Pecém tem condições de oferecer, desde os equipamentos até o calado. A parada da linha da Gearbulk no Cipp (Complexo Industrial e Portuário do Pecém) para o embarque da carga gera inclusive um melhor aproveitamento do fluxo logístico deles para o mundo”, explica Carlos Alberto, gerente comercial da Tecer Terminais Portuários.

As negociações foram firmadas durante a 24ª Intermodal, maior feira de logística da América Latina, que foi realizada em São Paulo no período de 13 a 15 de março.

Redução de custos

De acordo com o presidente do Sindicato das Indústrias de Mármores e Granitos do Estado do Ceará (Simagran), Carlos Rubens de Alencar, o escoamento da produção de rochas ornamentais pelo Porto do Pecém vai reduzir os custos de frete para os produtores. “Quando pego um bloco de granito em Sobral para Cabedelo, pago um frete. Aqui para o Pecém é muito mais barato”, aponta o presidente.

Mas a quantidade de rocha a ser exportada pelo Ceará poderia ser muito maior. “Só cerca de 10% da produção é exportada pelo Estado, em torno de US$ 20 milhões – ano passado foi quase US$ 27 milhões. O resto, que vai passear em Vitória e engordar as estatísticas de exportação do Espírito Santo, corresponde a algo próximo de US$ 180 milhões, US$ 200 milhões por ano”, ressalta Alencar.

Atração de empresas

Com a atração de indústrias do segmento na Zona de Processamento e Exportação do Ceará (ZPE Ceará), como vem sendo negociado pelo Estado, o impacto sobre as exportações cearenses seria muito significativo, segundo o presidente. “Diria que não acredito que tenha outro segmento que tenha condição de incorporar no Estado do Ceará esse volume de exportação em tão pouco tempo”, reforça.

Potencial

“Os outros são segmentos que já estão consolidados há muito tempo, como calçados, peles e tudo, já estão mais ou menos do tamanho que eles são”, comenta Carlos Rubens de Alencar. “Nosso setor tem um potencial de crescimento grande demais. Se as indústrias começaram a se instalar na ZPE Ceará, essa equação vai fechar. Extrai e industrializa no Estado, e a agregação de valor fica toda aqui. O setor tem uma perspectiva boa demais em um curto espaço de tempo”, afirma o presidente do Simagran.

Stone Fair

De 18 a 20 de abril, o Simagran realiza a quarta edição do Fortaleza Stone Fair. “Esperamos muitos visitantes do exterior conhecer as pedras produzidas aqui”, ressalta o presidente.

Fonte: Diário do Nordeste