Projeto vencedor de concurso de arquitetura prevê moradias que se expandam com o tempo

É de Curitiba o projeto vencedor do concurso público nacional de arquitetura para habitação de interesse social para a comunidade do Conjunto Vera Cruz, em Goiânia, Goiás. Os laureados são os arquitetos Felipe Guandelini, Isabela Maria Fiori e Luiz Gustavo Grochoski Singeski, do escritório Oficina Urbana de Arquitetura – OUA.

Foram concebidas 96 unidades assobradadas individuais de 55,68 m², em blocos de concreto pré-moldado e distribuídas em no máximo dois pavimentos: um no térreo, com acesso a um jardim dos fundos, e um no piso superior. Cada apartamento conta com uma vaga de garagem e com a possibilidade de expansão física de até 11,56 m², conforme a necessidade da família mudar com o tempo.

Imagem: Oficina Urbana de Arquitetura - OUA/Divulgação

A configuração inicial prevê dois dormitórios, mas com a ampliação nos fundos do terreno é possível ter um terceiro quarto ou uma área de trabalho. “Nesse caso, a janela existente viraria porta para o outro cômodo e ela poderia ser reaproveitada na fachada”, explica Singeski. “Dessa forma a linguagem do projeto se mantém. A cara da moradia continua a mesma, sem aquela estética de puxadinho.”

O baixo custo na construção e manutenção é outro ponto positivo do projeto. As dimensões dos módulos de concreto reduzem ainda mais o desperdício de material e facilitam a execução da obra, uma vez que foram moduladas para evitar a quebra dos blocos. E a disposição dos ambientes nas moradias evita o gasto com material de tubulação hidráulica, pois as áreas molhadas estão todas concentradas.

 Imagem: Oficina Urbana de Arquitetura - OUA/Divulgação

Como a quadra que vai receber o projeto é comprida demais, com mais de 280 metros, os arquitetos optaram por encurtar os trajetos e criar espaços de lazer em toda a região, além de uma grande área de permanência central que funcionaria como um parquinho.

A proposta também valorizou o convívio social ao criar pequenos nichos entre os apartamentos, com recuos frontais, escadas e acessos compartilhados, que tornam as interações mais frequentes e dinâmicas, ao mesmo tempo em que respeitam a privacidade de cada apartamento.

  Imagem: Oficina Urbana de Arquitetura - OUA/Divulgação

Vale destacar também a disposição das plantas, que possuem aberturas para as duas fachadas opostas, proporcionando diferentes perspectivas da paisagem e a circulação natural do ar através da ventilação cruzada.

“Como a cidade é caracterizada pelo calor e sol bem presente, os apartamentos ganharam pequenas varandas nos quartos, que oferecem sombreamento das fachadas através da projeção dos beirais”, conta o arquiteto.

Imagem: Oficina Urbana de Arquitetura - OUA/Divulgação

O reuso da água da chuva também foi previsto no projeto vencedor do concurso. “Ela é captada nas áreas de cobertura e, em vez de ficarem escavadas, o que geraria um custo maior, as cisternas ficam armazenadas abaixo da escada”, lembra Singeski. Posteriormente a água pode ser utilizada na irrigação, limpeza de áreas comuns e nos sanitários dos apartamentos.

O concurso nacional de arquitetura para habitação de interesse social foi uma iniciativa da regional goiana do Conselho de Arquitetura e Urbanismo (CAU/GO) com a AGEHAB (Agência Goiana de Habitação).

Imagem: Oficina Urbana de Arquitetura - OUA/Divulgação

Fonte: Gazeta do Povo