Arquiteta cria casa sustentável e decente para refugiados na Itália

Casa de 35 m² pode ser construída em um dia, por quatro pessoas não especializadas e é fácil de desmontar e transportar.

Aos 29 anos, a iraniana Narges Mofarahian criou um modelo de casa sustentável e de baixo custo para abrigar temporariamente refugiados de maneira “decente”, e que em breve vai ser colocado em prática em Milão, no norte da Itália.

O projeto, chamado AGRIshelter, propõe a construção de espaços para pessoas em situação de refúgio feitos de materiais locais, sustentáveis, biodegradáveis e duráveis, como madeira e palha, que evitam a necessidade de sistemas de calefação ou refrigeração.

Em média, cada casa tem 35 metros quadrados, mas o tamanho e desenho são adaptáveis, conforme a necessidade do futuro morador.

“A casa pode ser construída em um dia, por quatro pessoas não especializadas e é fácil de desmontar e transportar”, afirmou a criadora em entrevista à Agência Efe.

Com portas e janelas feitas de madeira pré-fabricada, muros confeccionados a base de fardos de palha e uma lona como teto, o imóvel se completa com uma cisterna colocada ao lado da estrutura.

Recentemente, a iniciativa foi premiada com 10 mil euros pelas empresa Accenture (serviços tecnológicos) e Snam (gás natural) e ganhou um crédito financeiro de até 50 mil euros do Banco di Brescia. Com o prêmio recebido, a primeira experiência acontecerá em Milão, “provavelmente para pessoas sem-teto ou imigrantes italianos”, de acordo com a pesquisadora.

“Em 2015, milhares de refugiados chegaram à Europa fugindo da guerra da Síria e muitos países não estavam preparados para abrigar tanta gente. Normalmente, as soluções eram barracas, containers ou grandes espaços públicos, o que estava criando muita tensão e insegurança”, explicou a arquiteta sobre as razões que a levaram a conceber o protótipo de casa que ela começou a pensar como o trabalho de fim de curso.

Para ela, os containers não são a solução, já que gastam muito material, são relativamente caros e não passam a sensação de lar, além da falta de comodidade interna – são quentes no verão e frios no inverno.

“Além disso, parece que são sempre algo separado do resto da cidade e normalmente criam isolamento”, opinou.

Segundo Narges, a solução criada por ela é barata e oferece dignidade e segurança em situações de emergência. Além disso, a ideia é que o desenvolvimento dos imóveis gere emprego para pessoas sem especialização e lucro para pequenas e médias empresas.

Em fevereiro, a AGRIshelter, hoje estabelecida como uma associação sem fins lucrativos, vai se transformar em empresa social e destinará os lucros para obter “autorizações e certificações” que permitam a materialização do projeto.

“Já fizemos as negociações e recebemos ofertas de fábricas interessadas em produzir as peças e de organizações sem fins lucrativos e centros de acolhimento que poderiam trabalhar conosco como parceiros operacionais”, revelou.

Um exemplo é a cooperativa italiana “Farsi Prossimo Onlus”, promovida pela Fundação Cáritas Ambrosiana, que já participou da execução dos primeiros protótipos – o último foi feito em junho de 2016 em Milão.

“Vamos começar nos centrando na situação dos refugiados na Europa, mas estou totalmente disposta a aplicar isto a diferentes situações, como no caso de vítimas de desastres naturais”, finalizou a jovem.

Fonte: Obra 24horas