Conheça as fases para compor um orçamento de obras bem-sucedido

A orçamentação é uma das principais áreas da construção, já que é o instrumento para fixação do preço-base. O valor final do orçamento de obras é essencial para a permanência competitiva da empresa no mercado. Sem essa informação exata em mãos, ou com uma estimativa, o futuro do negócio pode ser colocado em risco.

Essa etapa é tão importante que está em discussão a criação de um pacote de normas especializadas na precificação de serviços de engenharia e arquitetura em trabalhos de infraestrutura, a ABNT NBR 16633. Sem a informação do preço-base exato em mãos, ou apenas com uma estimativa, o futuro do negócio pode ser colocado em risco.

Para um bom orçamento, é preciso dispor de um grande número de dados e um conhecimento detalhado acerca dos serviços. Não é possível fazer um cálculo confiável se parte dos insumos ainda não estiver com suas especificações definidas.

O orçamento de obras também é imprescindível para a concorrência entre corporações. Isso porque cada uma pode chegar a custos distintos para um mesmo projeto, não somente pela diferença de material utilizado, mas pela diversidade de técnicas construtivas e valores de insumos e serviços.

Mas, antes de falar sobre o orçamento de obras e seu passo a passo, vamos apresentar as quatro fases gerais que correspondem à elaboração e à definição do investimento na edificação.

Elaboração e definição do investimento na obra

Análise

A quantidade de pessoas que podem trabalhar nessa etapa depende do tamanho da empresa. O importante é ter alguém experiente e que entenda o propósito da organização para analisar o que será construído e por quê. Tudo dentro de um orçamento de obras realista.

Além disso, é fundamental avaliar se o projeto é adequado, de acordo com as leis do local, e que gastos extras podem surgir decorrentes do lugar e do tipo de obra.

Desenvolvimento

Nesse momento, determina-se o potencial do empreendimento, reunindo-se com arquitetos, engenheiros, outros stakeholders e os responsáveis pelas tomadas de decisão para alinhar todas as informações que envolvam a edificação.

Ao final, o investimento disponível e o tempo para realização devem estar definidos.

Documentação

Como o próprio nome sugere, é hora de aprovar toda a documentação e organizá-la. Ter uma lista com tudo o que for preciso e os devidos responsáveis pode ajudar muito, inclusive para prever quando os papéis serão necessários e prepará-los com antecedência, evitando atrasos no cronograma da obra.

Monitoramento durante a construção e fechamento

Com a construção em andamento, é importante monitorar se os gastos estão dentro do previsto, para que qualquer desvio possa ser resolvido de maneira rápida.

Como uma edificação pode durar meses ou até anos, algumas estimativas nem sempre serão acertadas, e alguns valores podem mudar no próprio mercado no momento da compra. Portanto, essa fase é imprescindível para um orçamento bem sucedido.

As principais fases de um orçamento de obras bem-sucedido

Já apresentamos um panorama geral de como lidar com a definição do investimento, mas como, na prática, realizar um orçamento de obras? Aqui, falaremos sobre as principais etapas desse processo.

1. Estudo das condicionantes

Definida a execução da construção, esta fase representa o estudo dascondições de contorno da edificação. Engloba a leitura dos projetos e especificações técnicas, a leitura e interpretação do edital (se houver) e, definições do local.

Basicamente, é um levantamento de informações que serão úteis na próxima etapa da orçamentação. O tempo que essa análise vai demandar depende da complexidade dos projetos.

2. Composição de custos

Existem diversos custos que compõem uma obra: diretos e indiretos.

Os diretos são aqueles associados aos serviços de campo. Podem ser unitários (ex: kg de armação, m³ de concreto) ou podem ser dados como verba quando não tiverem uma unidade mensurável (ex: paisagismo, sinalização).

Já as despesas indiretas são aquelas necessárias para que algumas atividades sejam realizadas, embora não estejam diretamente relacionadas a elas. São exemplos o gasto com funcionários nos serviços administrativos e com elementos gerais da edificação (contas, materiais de escritório, taxas, seguros e outros).

Primeiramente, deve ser feita uma identificação de todos os serviços. É importante que essa análise aconteça em conjunto com o planejamento da obra e com o grupo que os realizará, visto que o que estiver no orçamento de obras deve ser compatível com a posterior execução. Aqui, é possível perceber a relevância de manter a sinergia entre os dois setores.

Com os serviços listados e suas unidades especificadas, o engenheiro deve calcular os quantitativos. Esta é uma das fases mais trabalhosas da elaboração de um orçamento, já que demanda o maior tempo. Além disso, um erro nessa estimativa pode causar danos ao resultado final.

O quantitativo de materiais deve ser feito de acordo com as especificações técnicas, os projetos e o memorial descritivo. Em caso de anteprojetos ou projetos em constante mudança, os resultados não serão muito próximos da realidade. Portanto, quanto mais desenvolvidas e definitivas forem as informações, melhor será o orçamento de obras.

Em seguida, devem ser coletados os preços de mercado para os insumos orçados (tanto os de custos indiretos como os diretos). Por exemplo: se, nos quantitativos, a equipe define quantos m² de alvenaria serão executados, agora, será determinado o valor de cada insumo, chegando a uma despesa total para o serviço. Também deve ser estabelecido o percentual de encargos sociais e trabalhistas para a mão de obra.

3. Fechamento do orçamento de obras

Com o orçamento praticamente finalizado, o construtor pode estipular a lucratividade que deseja obter, levando em consideração aspectos como riscos e concorrência.

Além disso, sobre o custo direto, é preciso calcular um fator que represente o gasto indireto, o lucro e os impostos incidentes, utilizando um fator de majoração chamado de BDI (Benefícios e Despesas Indiretas). De maneira simples, o BDI é o percentual que deve ser aplicado sobre o custo direto encontrado no orçamento para se chegar ao preço final de venda.

No fechamento do orçamento de obras, é possível trabalhar com algumas ferramentas importantes, como as curvas ABC de Insumos e de Serviços.

Por fim, para gerir o orçamento, é necessário tomar cuidado com falhas técnicas que podem gerar atrasos e com erros de comunicação entre as áreas.

Fonte: Mobuss