Uso da madeira se mostra como tendência de sustentabilidade na construção
A madeira como matéria prima na construção de imóveis é conhecida pelos construtores há séculos, no entanto, com o avanço da tecnologia, o material se apresenta atualmente como resposta a desafios como sustentabilidade, menos resíduos, captação de carbono entre outras demandas. Madeira tem potencial de ser tendência de uso no futuro. O material foi tema do painel Construção com madeira: uma tendência para o futuro durante o primeiro dia do 98º ENIC | Engenharia & Negócios, mostrando que, conforme o setor da construção avança na busca de maneiras mais sustentáveis e resilientes de se construir, a madeira surge como uma escolha promissora para a constituição da infraestrutura urbana nas próximas décadas.
O 98º Encontro Nacional da Indústria da Construção é realizado pela Câmara Brasileira da Indústria da Construção (CBIC), dentro da FEICON, com o apoio do Serviço Nacional de Aprendizagem Industrial (Senai) e do Serviço Social da Indústria (Sesi). O evento ainda tem o patrocínio do Banco Oficial do ENIC e da FEICON, a Caixa Econômica Federal, do Conselho Federal de Engenharia e Agronomia (Confea), Conselho Regional de Engenharia e Agronomia do Estado de São Paulo (CREA-SP), Mútua, Sebrae Nacional, Housi, Senior, Brain, Tecverde, Softplan, Construcode, TUYA, Mtrix, Brick Up, Informakon, Predialize, ConstructIn, e Pasi.
Organizado pela Comissão de Materiais, Tecnologia, Qualidade e Produtividade (COMAT) CBIC, o painel teve mediação de Nilson Sarti, vice-presidente de Meio Ambiente e Sustentabilidade da instituição, com participação de Carla Monich, diretora de inovação e sustentabilidade na Tecverde, e Calil Neto, CEO da Rewood – Soluções Estruturais em Madeira. “Já estive em um hotel de 20 andares na Europa todo feito em madeira. Esse painel tem um tema muito interessante e tudo a ver com sustentabilidade ambiental, versatilidade, menor geração de resíduos e inovação. O desafio é industrializar esse meio de construção”, disse Sarti na abertura do painel, que começou com a fala de Monich.
A diretora da Tecverde falou sobre o sistema “wood frame”, implementado pela empresa, que atua há 15 anos no mercado de construção industrializada. “Trabalhamos com madeiras de floresta plantada, própria para o corte, com chapas de madeira próprias para habitações, com carbono incorporado na madeira. Fazemos habitações térreas, sobrados e construções de três andares”, explicou a diretora da empresa, que completa as construções com chapas de gesso e placas cimentícias.
Monich frisou que a companhia constrói casas com madeira, mas não “de” madeira. Segundo ela, o uso do material consome menos matéria prima, gera menos resíduos, ajuda na captação de carbono e os canteiros usam mais tecnologia que as obras tradicionais de alvenaria.
Descarbonização – A Tecverde não trabalha diretamente com o consumidor final, mas atua com parcerias com grandes empresas, como Votorantim e Suzano Papel e Celulose, além de parcerias com governos com estados do Paraná e de São Paulo, por exemplo. Para o governo paulista, a Tecverde construiu 480 apartamentos e 38 casas em São Sebastião, no litoral de São Paulo, para 700 famílias desabrigadas em decorrência das fortes chuvas que atingiram a cidade em fevereiro do ano passado.
“Foi um projeto com impacto social e ambiental, é muito mais que uma habitação. O projeto alcança algumas ODS (Objetivos de Desenvolvimento Sustentável), principalmente de ação contra mudanças climáticas, remediação de situações causadas pelas mudanças climáticas e também de descarbonização”, afirmou Monich.
O CEO da Rewood – Soluções Estruturais em Madeira, Calil Neto, abriu sua palestra com uma reflexão sobre emissões de carbono. “Hoje 39% das emissões de CO2 vêm da construção civil. Temos um déficit de mais de 6 milhões de habitações, então parar de construir não é uma opção. Temos que nos perguntar o que queremos para o futuro”, disse o CEO da empresa, que faz construções com vigas de madeira com pinos e eucalipto com participação na concepção da obra, desde o projeto arquitetônico até a entrega.
Para o público entender o trabalho da Rewood, Neto apresentou fotos de vários projetos da empresa, de casas em ilhas ou no meio da floresta até loja conceito de marca no centro financeiro de São Paulo. “Uma tonelada de madeira consome cinco vezes menos energia para a mesma quantidade de concreto. Cada metro cúbico na obra retém 1 tonelada de CO2. Nesse sistema conseguimos construir um futuro diferente”, afirmou Neto.
Nilson Sarti, mediador do painel, avaliou que o uso da matéria na construção é uma mudança fantástica no panorama do setor. “Com uso da madeira a engenharia está mudando, falamos de ODS, de pegada hídrica, muda tudo. Hoje não é só um material, mas uma repercussão para o meio ambiente além de oportunidade de business”, concluiu o vice-presidente de Meio Ambiente e Sustentabilidade da CBIC.
Esse tema tem interface com o projeto “Descarbonização do Setor da Indústria da Construção e os Negócios e Soluções Inovadoras em Sustentabilidade”, da Comissão de Meio Ambiente (CMA) da Câmara Brasileira da Indústria da Construção (CBIC), e com o projeto “Inteligência e Estratégia para o Futuro da Construção”, da Comissão de Materiais, Tecnologia, Qualidade e Produtividade (COMAT) da Câmara Brasileira da Indústria da Construção (CBIC), ambos com a correalização com o Serviço Nacional de Aprendizagem Industrial (Senai). O painel ainda tem interface com o projeto “Responsabilidade Social na Indústria da Construção – O Futuro da Minha Cidade “, que tem a correalização do Serviço Social da Indústria (Sesi).