AGCO anuncia lançamentos agrícolas

O agronegócio no Brasil deve recuperar o fôlego e viver um novo ciclo de estabilidade e expansão de investimentos nos próximos anos. A aposta é do núcleo de executivos globais da AGCO que estimam um crescimento de até 10% no volume de vendas de máquinas agrícolas no país neste ano, comparado a 2017.

“O setor da agricultura sofreu muito com os problemas políticos no Brasil. O mercado no Brasil vai melhorar, esperamos um crescimento de 5% a 10% de crescimento em equipamentos, com expectativa de estabilidade”, avalia o CEO global da AGCO, Martin Richenhagen, que esteve no Brasil para anunciar novos investimentos.

Segundo estimativas da companhia, as vendas no mercado interno devem fechar em 45 mil máquinas já neste ano devido à expectativa de o país retomar força nas exportações de commodities, especialmente grãos.

A companhia estima fechar 2018 com faturamento de aproximadamente 10 bilhões de dólares, um crescimento de 12% diante do ano anterior. Em 2017, a América do Sul, tendo o Brasil como principal destino de investimentos, teve participação de 13% do volume de vendas líquidas, segundo números anunciados pelos executivos da AGCO. “Onde houver oportunidades de cultivo estaremos presentes com soluções para as necessidades locais”, destaca Martin Richenhagen.

Transição de governo

O CEO global da AGCO também comentou o resultado das eleições gerais no país. Para ele, os players do setor veem a eleição do presidente Jair Bolsonaro com bons olhos, mas com ressalvas. “Esperamos uma posição neutra do presidente. Importante que o presidente saiba o quanto os agricultores necessitam do BNDES (Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social) e instituições como essa”, afirma Martin Richenhagen.

A expectativa da fabricante é que o Brasil retome investimentos para reforçar posição de vanguarda no agronegócio e atender à crescente demanda por alimentos no mundo. Atualmente, o país alimenta 1,5 bilhões de pessoas no planeta. “A comunidade agrícola está satisfeita com o resultado das eleições, o que é um fator positivo adicional”, acrescenta o presidente da AGCO América do Sul, Luís Felli.

Para os executivos da AGCO, outro fator político positivo na agenda comercial global é a disputa comercial entre os EUA e a China que deve trazer vantagens para a América do Sul, sobretudo ao Brasil, com a possibilidade de aumentar as exportações de soja e a expansão da produção agrícola. “Acho que o Brasil vai fazer grandes exportações para China de grãos, milho e carne, porque a China não compra mais dos EUA”, observa Felli.

Apesar de o governo eleito no Brasil ter dado sinais de aproximação e alinhamento ao governo Donald Trump, o que poderia esgarçar as relações comerciais com a China, os executivos da AGCO acreditam que não haverá prejuízos, se o governo brasileiro se mantiver neutro. “Acho que o Brasil vai continuar comercializando para China. Os políticos devem se manter distantes das relações de negócio. Acho que o presidente eleito vai manter isso”, diz Martin Richenhagen.

No Brasil, a AGCO mantém sete fábricas com um total de 13.600 funcionários para produzir e comercializar máquinas e soluções agrícolas por meio das suas marcas Massey Fergusson, Valtra e GSI.

Segundo a companhia, foram feitos mais de 150 lançamentos nos últimos três anos. A novidade é a plantadora dobrável Momentum que será produzida no Brasil como plataforma global pronta para exportação. Traz como diferencial ganhos de eficiência com tecnologia de agricultura de precisão, rapidez e eficiência no processo de plantio.

“O produtor tem o desafio de ganhar mobilidade e mais velocidade do plantio. E a nova Plantadeira Momentum proporciona tudo isso com eficiência e qualidade”, diz o presidente da AGCO América do Sul, Luís Felli.

O Brasil recebeu aproximadamente 95% dos 300 milhões de dólares investidos na América Latina pela AGCO para pesquisa e desenvolvimento de novos produtos, segundo o vice-presidente sênior e gerente geral Américas, Robert Crain. A maioria dos recursos foi aplicada na expansão de plantas, sistemas de inovação e tecnologia.

Luís Felli também destacou que em 2019, a AGCO deve lançar no país uma nova colheitadeira global batizada com a marca Ideal, cujo produto já foi lançado na Europa e Estados Unidos. A companhia também tem planos de trazer ao Brasil tratores com mais de 450 cavalos e compactos fabricados pela marca FENDT. “Isso fala a respeito do futuro que vemos no Brasil. Nos últimos anos focamos em plataformas globais que permitem nos diferenciar em qualidade e preço para os clientes, com melhor tecnologia. Vimos um aumento no rendimento da terra para 2019, uma boa notícia para os produtores da América do Sul”, avalia Crain.

De acordo com dados anunciados pela AGCO, a América do Sul tem o maior potencial de expansão de terra cultivada do mundo: 450,8 milhões de hectares.

E o Brasil responde por aproximadamente 218 milhões de hectares dessa terra disponível para produção, embora tenha 66% do território preservado e protegido. “Temos o maior potencial do mundo em termos de área para produção. Temos áreas de pastagens degradadas que podem ser usadas para produção de grãos, o que nos permite expansão sustentável. Quem ganha com a queda das commodities é quem produz com mais eficiência e qualidade. Temos máquinas que oferecem 35% de redução de consumo”, acrescenta Felli.

Em relação à polêmica discussão do novo governo de fazer a fusão dos Ministérios do Meio Ambiente e Agricultura, o presidente AGCO América do Sul, Luís Felli, diz que essa proposta é vista com reservas pelo mercado.

“É muito cedo, um período de atualização. Uma ideia que não ficou claramente definida. Dentro da comunidade do agro é algo que se vê com certa reserva. Vemos os processos regulamentados com o novo Código Florestal”.

Fonte: EAE Máquinas