Fresas têm aplicação em obras de recuperação e construção de pavimentos
Profundidade de corte e objetivo final da fresagem determinam a especificação das máquinas tanto para superfícies asfaltadas quanto para pisos industriais. Saiba mais a seguir.
Bastante utilizada em obras de recuperação e construção de pavimentos, a fresagem consiste no corte de uma ou mais camadas do revestimento asfáltico ou de concreto por meio de fresas rotativas. A técnica pode ser utilizada para retirar uma camada superficial de contaminantes, preparar o piso para receber novo revestimento, criar sulcos antiderrapantes e, até mesmo, remover faixas de trânsito.
A fresagem também pode melhorar o coeficiente de atrito em zonas de pistas onde há alto índice de derrapagens. Outra aplicação – ainda incipiente no Brasil, mas que começa a se desenvolver no hemisfério norte – é na correção de irregularidades em calçadas, para suavizar degraus.
COMO ESPECIFICAR
A especificação da fresadora mais adequada vai depender fundamentalmente do tipo de obra (reforma ou construção), da profundidade de corte e do acabamento desejado. Para um rebaixamento de pista ou piso com 2 cm ou mais, por exemplo, geralmente são empregados equipamentos de grande porte, fora de estrada, movidos a diesel. Já em aplicações industriais, é possível utilizar uma máquina de menor porte para a remoção fina de um revestimento antigo ou para o apicoamento, visando a ancoragem de um novo revestimento ou camada de argamassa.
Se o pavimento é de concreto argamassado leve, uma única passada pode ser suficiente. O mesmo não acontece em um pavimento com concreto novo e de alta resistência, que tende a demandar mais passadas
Stefan Lindenhayn
O local de aplicação também impacta a escolha da fresadora. Em áreas internas geralmente são utilizadas máquinas com motores elétricos, enquanto que em áreas externas é possível usar equipamentos movidos a gasolina ou diesel.
FRESAGEM DE PAVIMENTO ASFÁLTICO
Intervenções realizadas em ruas e estradas costumam exigir a retirada de uma camada espessa do pavimento. “Para esses casos são indicadas máquinas parrudas de 4 a 5 toneladas, com alta potência e sistema de fresagem composto por tambor com dentes fixos. Esses dentes vão rasgando o chão para remover o material”, explica Stefan Lindenhayn, sócio gerente da Betomaq.
A indústria oferece diferentes modelos de fresadoras para essas aplicações. Os mais modernos são equipados com esteiras que transferem o material retirado diretamente para caminhões, facilitando o reúso.
(foto: divulgação / Betomaq)
O serviço pode ser realizado de três maneiras, em função da distância entre os dentes de corte e a profundidade de trabalho alcançada. Mais utilizada, a fresagem profunda (padrão) apresenta um distanciamento de 15 mm entre os pontos de corte na largura de fresagem. Indicada para pequenas correções de deformações e de nivelamento, bem como para melhorar a aderência do pavimento, a fresagem fina prevê distância entre os dentes de corte de 8 mm.
Há, ainda, a microfresagem, recomendada para aumento de aderência da pista e remoção de sinalizações antigas. Essa técnica foi utilizada em 2014 pela CCR Via Oeste na recuperação do pavimento da rodovia Raposo Tavares, entre Sorocaba e Araçoiaba da Serra (SP). Para deixar a pista mais aderente, o asfalto foi fresado com ranhuras com apenas 6 mm de distância entre os dentes de corte e com espessura de corte de 2 a 20 mm.
FRESAGEM DE PISO INDUSTRIAL
Em aplicações industriais, as fresadoras são mais utilizadas para apicoar a superfície, removendo o revestimento existente ou o piso contaminado com óleo. Nesses casos, o plano costuma ser apicoar a superfície no máximo 5 mm para garantir a ancoragem de um novo revestimento. “Usamos máquinas mais compactas, que pesam cerca de 50 quilos e têm tambor composto por várias ponteiras que batem no chão”, diz Lindenhayn, lembrando que essas máquinas apicoam a superfície em vez de rasgá-la.
Hoje, as fresadoras saem de fábrica com melhor vedação e com saída para coletor de pós inertes. Isso é importante principalmente para aplicações em chão de fábrica
Stefan Lindenhayn
Nos últimos anos, as máquinas evoluíram no que diz respeito à variedade de tambores e opção de ferramentas, garantindo um acabamento mais fino e uniforme. Outro desenvolvimento importante buscou lidar com a geração de pó inerente à realização da fresagem. “Hoje, as fresadoras saem de fábrica com melhor vedação e com saída para coletor de pós inertes. Isso é importante principalmente para aplicações em chão de fábrica, tanto por preocupação com a saúde dos funcionários, quando pela manutenção dos equipamentos eletrônicos mais sensíveis ao pó”, explica Stefan Lindenhayn.
QUESTÃO DE DESEMPENHO
Fatores como planejamento, capacitação da mão de obra e, principalmente, dureza do pavimentoinfluenciam o desempenho das máquinas fresadoras. “Se o pavimento é de concreto argamassado leve, uma única passada pode ser suficiente. O mesmo não acontece em um pavimento com concreto novo e de alta resistência, que tende a demandar mais passadas”, diz Lindenhayn. Como referência, uma fresadora industrial padrão com motor de 4 cv apresenta um rendimento médio de 20 a 50 m² por hora.
Fonte: Portal dos Equipamentos