Além de Digitalizar o Mercado Imobiliário, Loft quer Educá-lo

Outra dor do mercado imobiliário que a Loft se propõe a resolver é a da falta de transparência.

Criada em 2018 por dois europeus que enxergaram no mercado imobiliário brasileiro uma boa oportunidade de negócio, a Loft é uma das proptechs que estão transformando a forma como as pessoas moram e facilitando o percurso daquelas que desejam mudar de endereço, seja comprando, financiando, alugando ou até trocando um imóvel por outro.

Em entrevista ao Yahoo Finanças, Mate Pencz, fundador e co-CEO da startup unicórnio fala sobre o papel central da tecnologia nas soluções que resolvem sobretudo a burocracia que os consumidores habitualmente encontram nesta jornada e também sobre a importância do fator humano no atendimento, como a disponibilidade de corretores no acompanhamento deste processo.

Embora a maior parte dos dois mil colaboradores do grupo Loft esteja alocada na área de tecnologia, Pencz explica que as recentes e crescentes parcerias com as tradicionais imobiliárias são mais um esforço de colocar o cliente no centro.

“A proposta é criar uma experiência democrática, incluindo faixas etárias que talvez se sintam confortáveis em realizar partes do processo de forma digital (seja no site ou no aplicativo) e outras partes da jornada com o apoio de um corretor, o especialista que tem um conhecimento local e específico do imóvel”, afirma o executivo. Mais informação e transparência para o mercado

Outro dor do mercado imobiliário que a Loft se propõe a resolver é a da falta de transparência.

Para mitigar essa questão e empoderar os consumidores com conteúdo que abrange desde tributos e legislação até dicas de decoração e infraestrutura de bairros, a proptech lançou em junho deste ano um portal que também oferece informações do Loft Analytics, braço de análise de dados da empresa.

“Nós reparamos que tem muita gente que quer acompanhar as tendências de mercado e que não necessariamente quer comprar ou vender um negócio hoje, mas que vai ser um potencial cliente no futuro”, explica Pencz sobre a estratégia de educar esse público da forma mais abrangente possível.

A moradia como questão social

Se por um lado a questão habitacional é uma oportunidade de negócio ainda com bastante potencial no Brasil, por outro ela ainda é uma questão social central: o déficit habitacional no Brasil é estimado pela Fundação João Pinheiro em 5,8 milhões de moradias.

O co-CEO da Loft afirma olhar com atenção para esta questão e diz que também é meta da empresa criar maior acessibilidade neste sentido.

“O nosso maior olhar para as classes D e E passa principalmente pelo business de fiança locatícia, através da CredPago (empresa adquirida pela Loft em 2021). Tirando a figura do fiador da mesa e a necesidade de se fazer um depósito muito expressivo acaba diminuido a barreira e ajudando as pessoas a ter uma mobilidade maior e sair da casa da família mais cedo”, diz Pencz.

Apesar da solução apresentada por Pencz não atacar diretamente o foco do problema, uma pesquisa do Instituto Datafolha encomendada pela Anbima (Associação Brasileira das Entidades dos Mercados Financeiro e de Capitais), revela que 34% das classes D e E poupam para comprar um imóvel próprio.

Com essa perspectiva, a aprovação de contratos de aluguéis a partir de R$ 500 e sem a necessidade de um depósito caução, por exemplo, podem contribuir com projeto de casa própria de muitos brasileiros.

“Já tivemos casos de pessoas que começaram como inquilos da CredPago e depois, ao fazer uma poupança e/ou conseguirem crédito imobiliários, conseguiram comprar uma residência”, afirma Pencz.

Empreendedores europeus no mercado brasileiro

Formado em Economia pela Harvard University, o húngaro Mate Pencz se uniu ao alemão Florian Hagenbuch, no começo da década passada, para estudar as possibilidades nos mercados emergentes.

Diante da oportunidade de ganhar escala com tecnologia no mercado de impressão brasileiro, mudaram-se para o Brasil em 2012 e fundaram a Printi, a primeira startup da dupla, com a ajuda de redes profissionais e investidores anjos e de risco.

A empresa desenvolveu-se numa parceria com a finalidade de usar as instalações e máquinas para liderar a impressão industrial local.

Dentro de alguns meses, a Printi lançou um site, contratou uma equipe e vendeu seu primeiro produto.

startup foi vendida em 2016 por mais de US$ 100 milhões para a multinacional norte-americana Vistaprint. Hoje, a empresa emprega mais de 500 funcionários.

Em 2016, Mate e Florian fundaram o Canary, um fundo de VC especializado na primeira rodada das novas empresas brasileiras, seja ela seed ou série A.

A Canary tem investimentos em diversas startups brasileiras como Buzzer, Docket, EmCasa, Gupy, IDWall, Mimic, Spin Pay e Trybe.

Já em 2018 eles fundaram a Loftstartup que facilita a compra de apartamentos por meio de uma experiência digital e com preços e informações verificados.

Hoje, a Loft é uma das maiores plataformas de compra e venda de apartamentos residenciais do mundo.

Loft tem disponíveis atualmente na sua plataforma mais de 50 mil apartamentos ativos à venda em São Paulo, Rio de Janeiro, Belo Horizonte, Guarulhos e Porto Alegre, distribuídos por mais de 260 bairros nas cinco cidades.

Entre as empresas do Grupo Loft estão CrediHome, CredPago, Foxter, TrueHome (México), 123i e Vista.

Fonte: The Capital Advisor