Com o programa Entrada Moradia, financiamentos imobiliários dobram no Ceará; veja números

O programa estadual foi lançado em julho e começou a funcionar em 7 de agosto do ano deste ano

Apesar da manutenção da taxa de juros no patamar de 10%, o valor de financiamentos para a aquisição de imóveis dobrou no Ceará. A cifra saltou de R$ 310,9 milhões em agosto deste ano para R$ 625,3 milhões, em comparação ao mesmo mês de 2023, segundo a Associação Brasileira das Entidades de Crédito Imobiliário e Poupança (Abecip). 

Já no acumulado do ano até agosto, o volume total passou R$ 2,07 bilhões para R$ 2,4 bilhões, totalizando alta de 15%. 

Para o economista e professor da Universidade de Fortaleza (Unifor), Ricardo Coimbra, os números refletem a expansão do “Minha Casa, Minha Vida”, assim como a iniciativa estadual de complementá-lo por meio do projeto Entrada Moradia Ceará, o qual prevê contrapartida do governo para famílias de baixa renda.

O programa estadual foi lançado em julho e começou a funcionar em 7 de agosto do ano deste ano.

“Esse cenário demonstra uma potencialidade de aumento a atividade econômica. Quando analisamos dados recentes divulgados sobre o PIB do Ceará, vemos um crescimento significativo da economia, e a construção civil vem crescendo também. São dados que se cruzam”, analisa.

Ricardo Coimbra
Economista e professor da Unifor

O Produto Interno Bruto do Estado (PIB), a soma de todos os bens e serviços produzidos) cresceu 7,2% no segundo trimestre de 2024, na comparação com igual período do ano passado.

O percentual é mais do que o dobro do crescimento brasileiro para o período, que foi de 3,3%. Além disso, é o maior resultado entre os sete estados pesquisados, acima, inclusive, de São Paulo. 

O economista Mário Monteiro reitera que o programa Entrada Moradia teria atendido a uma demanda reprimida e, aliada a isso, provavelmente ocorreu uma melhoria da expectativa das pessoas em relação ao emprego e renda

Outros dois fatores podem ter sido a redução da Selic até outubro e os lançamentos do setor da construção civil. 

“Ou seja, o aumento na oferta, certa redução da taxa de juros e o conjunto de medidas complementares podem ter contribuído, mas a discussão é se esse ritmo de crescimento é sustentável. Até quando as pessoas vão conseguir se endividar”, questiona. 

Mário Monteiro
Economista

Segundo a pesquisa realizada Instituto de Pesquisa e Desenvolvimento do Comércio (IPDC), da Fecomércio Ceará, o endividamento dos consumidores de Fortaleza manteve-se estável em agosto de 2024, registrando uma taxa de 75,3%.

O resultado representa um leve aumento de 0,5 pontos percentuais em comparação ao mês anterior e ao mesmo período do ano passado. O endividamento médio dos consumidores é de R$ 1.806, com prazo médio de oito meses para o seu vencimento total.

Os instrumentos de crédito mais utilizados por eles são: cartões de crédito, citados por 74,1% dos entrevistados; financiamento bancário (veículos, imóveis etc.), com 12,4%; empréstimos pessoais, com 10,7% e carnês e crediários, com 6,0%.

Fonte: Diário do Nordeste