Inadimplência de aluguel cai em todo Brasil e registra menor percentual do ano, mostra pesquisa
Monitoramento envolvendo 800 mil imóveis mostra que, ao se observar as regiões do país, houve mudança em relação ao verificado um ano atrás
Segundo informações do Índice de Inadimplência Locatícia da Superlógica, plataforma de soluções tecnológicas e financeiras para os mercados condominial e imobiliário, a taxa de inadimplência de aluguel considera boletos que estão há mais de 60 dias sem pagamento ou que foram pagos com atraso de mais de 60 dias. Em agosto, houve uma queda de 0,29 ponto percentual desse comportamento em relação ao mês anterior e de 0,74 ponto percentual em relação ao pico do ano nos meses de fevereiro e abril.
“Mesmo que em agosto deste ano a taxa de inadimplência locatícia tenha ficado abaixo do registrado do mesmo período do ano passado, houve muita variação no período. Percebe-se que a partir de junho de 2023 a taxa foi aumentando de 3,03% até chegar em 3,82% em dezembro. Somente a partir de maio deste ano houve queda, que continua acontecendo mensalmente até o nosso último registro (3,12%)”, explica Manoel Neto, diretor de negócios para imobiliárias da Superlógica.
O recuo da inadimplência em agosto coincide com a desaceleração do Índice Geral de Preços – Mercado (IGP-M), da Fundação Getulio Vargas (FGV Ibre). Em agosto, o indicador – conhecido como ‘inflação do aluguel’ – foi de 0,29% frente a taxa de 0,51% um mês antes.
Entre as regiões do país, o Norte liderou o ranking da Superlógica com a maior taxa de inadimplência do período mensal, com 5,12%, seguido do Nordeste (4,91%), Centro-Oeste (2,84%), Sudeste (2,82%) e Sul (2,54%).
“De outubro de 2023 até julho de 2024 a região Nordeste teve a maior taxa de inadimplência. Inclusive, Sergipe e Paraíba foram os estados que encabeçaram o ranking das maiores taxas nesses meses. Porém, no último mês tivemos a região Norte se destacando na inadimplência locatícia, com o estado do Amazonas apresentando a maior taxa, de 13,66%“, diz o executivo da Superlógica.
No mapeamento feito, a inadimplência locatícia acontece por vários motivos, entre eles a falta de emprego e até mesmo de planejamento de orçamento. A lista das maiores taxas de inadimplência locatícia segue com Paraíba (11,58%), Pará (6,27%), Ceará (6,11%), Maranhão (5,93%) e Acre (5,23%).
Já entre os estados com as menores taxas de inadimplência estão Alagoas (1,93%), Santa Catarina (2,18%), Sergipe (2,21%), Distrito Federal (2,33%), Amapá (2,60%), São Paulo (2,61%) e Mato Grosso do Sul (2,61%).
Nos imóveis residenciais, o menor índice de inadimplência foi na faixa de R$ 2 mil a R$ 3 mil. Já o maior índice de pagamentos em atraso foi na faixa de aluguel acima de R$ 13 mil (5,25%).
Mas são os imóveis comerciais que continuam apresentando maior inadimplência entre os demais tipos de imóveis. Nessa categoria, a faixa até R$ 1 mil trouxe a maior taxa (6,12%), e a menor foi na faixa de R$ 1 mil a R$ 2 mil (3,51%).
O Índice leva em consideração o valor do boleto, o tipo de imóvel (apartamento, casa ou comercial) e a sua localização, além das datas de vencimento e pagamento, que mostram se há inadimplência ou não.
Com a proximidade da nova decisão do Banco Central (BC) sobre juros, dia 18 de setembro, em que a aposta geral é de alta da taxa Selic – como mostra Termômetro do Copom do Valor Investe, o diretor de negócios da plataforma diz que, caso haja grandes variações nos rumos da política monetária, isso poderá se desdobrar nos números a partir do final do ano.
“Há uma relação direta entre o aumento da Selic e a diminuição no ritmo de vendas de imóveis pelo valor mais alto das taxas de financiamento. Assim, as famílias que iriam comprar um imóvel aguardam um melhor momento e continuam a locar imóveis. Por ser um grupo que tem uma renda mais saudável, já que estariam prontos para um financiamento, são famílias que tendem a ser menos inadimplentes”, explica.