Mercado imobiliário residencial teve segundo trimestre aquecido

O mercado imobiliário residencial brasileiro registrou crescimento na procura e nas vendas de imóveis no segundo trimestre de 2023, que terminou aquecido, melhorando de forma significativa o desempenho do setor em relação ao período anterior. É o que aponta o Indicador de Confiança do setor Imobiliário Residencial, realizado pela Associação Brasileira de Incorporadoras Imobiliárias (Abrainc) em parceria com a Deloitte, realizado com 47 empresas construtoras e incorporadoras do setor imobiliário residencial, entre 3 e 17 de julho.

O segmento Médio e Alto Padrão (MAP) demonstrou uma retomada e os executivos do setor estão mais otimistas com Minha Casa Minha Vida. A pesquisa revela que as expectativas para lançamentos de empreendimentos e para a aquisição de terrenos são altas: 94% dos executivos pretendem lançar imóveis nos próximos três a 12 meses e 88% têm intenção de adquirir terrenos no mesmo período.

A alta nos preços de imóveis residenciais manteve-se no segundo trimestre de 2023, sendo registrado aumento no indicador de 6,9% frente ao período anterior. A tendência para os próximos trimestres é de alta nos indicadores, sobretudo para o Minha Casa, que pode ter o maior crescimento no índice de preços. O indicador do custo de construção segue com taxa de crescimento mais baixa e a variação do Índice Nacional de Custo da Construção (INCC), no acumulado de 12 meses até junho, é de 4,29%.

Sobre o aumento tanto na procura quanto nas vendas de imóveis no segundo trimestre, a sinalização de um início de redução na taxa de juros no país e as recentes mudanças do programa pode ter influenciado o aquecimento no mercado. Em relação às expectativas para os próximos três a 12 meses, os executivos estão otimistas quanto aos lançamentos e aquisições de terrenos, para ambos os segmentos. Este último, inclusive, apresentou as maiores taxas da série histórica, em geral.

O indicador de confiança do setor imobiliário residencial do segundo trimestre de 2023, realizado pela Deloitte, organização com o portfólio de serviços profissionais mais diversificado do mundo, em parceria com a Abrainc, contou com a participação de 47 empresas construtoras e incorporadoras do setor imobiliário residencial, divididas nos seguintes segmentos: 32% Minha Casa Minha Vida, 30% MAP e 38% atuantes em ambos os segmentos. O levantamento, realizado entre 3 e 17 de julho, ouviu executivos de alto escalão (C-Level) das empresas participantes.

Já segundo o Sindicato Nacional da Indústria do Cimento (Snic), a instabilidade da economia, a marcada por um prolongado cenário de juros elevados, mesmo com o anúncio da redução da taxa Selic, somada ao alto endividamento das famílias e queda dos lançamentos imobiliários, seguem travando o crescimento da atividade cimenteira.

Em julho, as vendas do produto registraram queda de 0,7% em relação ao mesmo mês de 2022, atingindo 5,5 milhões de toneladas comercializadas – e no acumulado do ano, janeiro a julho, o recuo foi de 1,8%, segundo o Snic.

Ao se analisar o despacho do insumo por dia útil nota-se uma retração de 0,5% sobre o mesmo mês do ano passado, ou seja, comercialização de 233 mil toneladas por dia em julho de 2023.

O setor segue afetado por fatores domésticos relevantes que ainda impactam em sua recuperação. A dificuldade no acesso ao crédito em meio a taxa de juros elevada e a morosidade com relação às regulamentações do Minha Casa Minha Vida impediu uma melhor evolução do número de unidades financiadas e de lançamentos imobiliários.

Apesar disso, a confiança do consumidor subiu em julho pelo terceiro mês consecutivo, atingindo o maior nível desde janeiro de 2019. O arrefecimento da inflação, a recuperação da renda e as expectativas do início do programa para renegociar dívidas – Desenrola – refletiram no resultado. Entretanto, o alto endividamento e inadimplência ainda são obstáculos para uma confiança mais robusta.

O indicador de confiança da construção segue otimista influenciado pelas novas regras do Minha Casa Minha Vida. Houve uma percepção positiva em relação à demanda no setor e consequentemente aumento na tendência de contratação de novos funcionários. No entanto, o indicador ainda não atingiu o patamar da neutralidade. Um dos pontos de dificuldade para uma melhora continuada da confiança é o acesso ao crédito.

Apesar do cenário econômico ainda incerto, as perspectivas do setor para os próximos meses são positivas: a aprovação do arcabouço fiscal, a tramitação da reforma tributária no Senado, a retomada de obras paradas e de infraestrutura, além do início do ciclo de redução da taxa de juros, são fatores que trazem maior segurança e previsibilidade ao setor.

Fonte: Monitor Mercantil