O futuro é criativo
Com financiamento coletivo de projetos imobiliários até a compra compartilhada de imóveis, o mercado aquece as vendas.
Construir ou comprar um imóvel custa caro. Dos dois lados, há de despender-se quantia grande de dinheiro, nem sempre disponível. Para quem precisa de crédito, no mercado imobiliário outros caminhos não convencionais começam a ser vislumbrados. A capital cearense terá seu primeiro empreendimento a ser construído por meio de crowdfunding, e o sistema de compra compartilhada de imóveis está em negociação para ser lançado com mais construtoras.
O dinheiro para a construção do Villa Gaudi, da Porto Freire Engenharia, está sendo captado por meio da Urbe.me, criada em Porto Alegre. Trata-se do primeiro empreendimento do Nordeste selecionado pela plataforma de financiamento de imóveis. O público pode comprar cotas de projetos imobiliários por valores a partir de R$ 1.000 e tornar-se investidor. “O cenário estava bem complicado devido à crise, a gente não iniciou a obra justamente por falta de poupança. O Urbe.me vem como uma ferramenta interessante para passar por cima disso e transformar em oportunidade”, frisa a diretora da Porto Freire Engenharia, Adriana Freire.
Segundo Jorge Porto Freire, presidente da incorporadora, o investimento configura-se como opção melhor do que aplicações em poupança. Cerca de 200 pessoas compraram cotas na primeira oferta, que remunera 120% do Certificado de Depósito Interbancário (CDI). “A ideia é de pulverizar esse ganho de forma geral. Nós teremos três séries (de oferta), a segunda está indo bem”, diz.
Compartilhar é a palavra de ordem do modelo de compra fracionada desenvolvido pela VivA Vacation em imóveis de veraneio. Vários proprietários podem dividir um apartamento ou casa na praia e na serra por um valor menor. O WaiWai Resort, no Cumbuco, já tem frações comercializadas; a primeira venda do tipo no Mandara também foi viabilizada, conforme o diretor da VivA Vacation, Paulo Angelim. “ O princípio do compartilhamento é: se você não usa o tempo todo, porque comprar o bem todo?”, aponta.
Além de gestora, a empresa é administradora e síndica de cada uma das unidades compartilhadas, as quais transformam-se em um verdadeiro “condomínio civil voluntário”. Os moradores são donos de uma fração do imóvel, com escritura e matrícula. “Ela (VivA Vacation) garante que cada condômino sempre terá sua unidade em perfeitas condições nos períodos designados ao mesmo, de acordo com o calendário de uso previamente definido”, explica.
AGENDA JUSTA
AVALIAÇÃO
As perspectivas do mercado
Apenas uma pequena parcela das incorporadoras que procuram a Urbe.me é aprovada nos critérios da plataforma (de análise financeira até viabilidade do projeto). Outras incorporadores do Nordeste estão em fase de análise, conforme o sócio fundador da plataforma, Paulo Deitos. “Hoje são sete incorporadoras que já captaram e até o final do ano devemos passar das 15 incorporadoras parcerias que já tenham captado”, afirma.
O economista Alex Araújo destaca que o aplicador deve comparar a rentabilidade prometida com investimento alternativo de baixo risco, como a poupança ou o Tesouro Direto. Além de levar em conta os riscos das operações e o prazo. “A vantagem para o investidor é a possibilidade de ter rendimentos do desenvolvimento de projeto imobiliário, mesmo que as disponibilidades financeiras não sejam tão elevadas. Há os riscos da própria operação imobiliária e do investimento (os rendimentos só serão conhecidos no final e não há garantia do Fundo Garantidor de Crédito)”, diz.
Em relação à compra fracionada de unidades imobiliárias, o vice-presidente administrativo do Secovi-CE, Salim Ary, recomenda atenção à gestão do imóvel. “Eu acredito que seja uma opção espetacular para nosso mercado, mas tem que se preocupar com quem vai administrar, pois vão ter várias culturas ali dentro”.
RISCOS E VANTAGENS
A VivA Vacation adaptou o modelo de compra compartilhada o, para que cada co-proprietário pudesse, anualmente, usufruir de sua propriedade nas semanas de maior demanda, como Ano Novo, Carnaval, Páscoa e um feriado prolongado no 2º semestre. Todos os co-proprietários utilizam a unidade por uma semana nos meses de alta estação – janeiro, julho e dezembro. Há nove semanas de baixa estação para livre agendamento ao longo do ano.
Fonte: O Povo