Queda na Selic e valorização acumulada indicam cenário positivo para fundos imobiliários
Emissões de cota aumentam e especialistas observam bom momento para setor
Desde o início do ano, o mercado de fundos de investimentos imobiliários (FIIS) vem acumulando alta. A valorização anual do IFIX até agora é de 11,23%, o que mostra que o índice é mais vantajoso do que a Bovespa no momento. Com a queda da taxa de juros da Selic e a emissão de novas cotas movimentando a indústria, analistas indicam que este é um bom momento para investir no setor.
Em entrevista, Arthur Vieira de Moraes, sócio do Clube FII, afirma que as cotas dos fundos agora chegaram perto de seus valores patrimoniais mesmo não sendo um investimento caro. “O que proporciona ao investidor um bom ponto de entrada na aplicação”, afirma.
“A queda da Selic será lenta, mas o movimento afeta positivamente o preço das cotas de fundos de duas maneiras: pelo aumento do apetite ao risco, já que o rendimento de investimentos mais seguros, de renda fixa, tendem a diminuir; e também por seu impacto na economia. Com o crédito mais barato e consumidores mais confiantes, aumentam as compras no varejo, o que beneficia os fundos de shoppings”, disse Moraes na entrevista.
Como os fundos de papel são indexados a indicadores como o IPCA e o CDI, a expectativa é que a queda dos juros também provoque uma mudança no rendimento das carteiras de FIIs. No entanto, a recomendação de Moraes é construir uma carteira com fundos de papel e fundos de tijolo. “Ao diversificar, é possível ter uma renda homogênea, sem tantas oscilações. Enquanto uma modalidade vai mal, a outra compensa”, diz.
Valorização de fundos
A prova do bom momento dos fundos imobiliários é que o número de emissões disparou recentemente. Dados levantados pela Economatica para o E-Investidor mostram que em julho foram 19,3 milhões de novas cotas. É o maior volume para um mês em 2023 e quase o dobro da soma emitida em abril, maio e junho.
Em entrevista ao E-Investidor, Caio Nabuco de Araújo, analista da Empiricus Research, explica que o cenário favorável em termos de ajuste fiscal, condições macroeconômicas e crescimento resultaram em uma perspectiva também mais favorável no que se refere à queda dos juros. Assim, os fundos começaram a se valorizar. E essa valorização promoveu essa enxurrada de novas emissões.
“Um dos pré-requisitos para se fazer uma boa emissão de cotas é que essa oferta seja realizada acima do valor patrimonial do fundo, algo que não era possível nos mercados de baixa que vimos em 2020, 2021 e também em 2022”, explica Carlos Júnior, analista-chefe de fundos imobiliários do Simpla Club, na reportagem do E-Investidor.