Resultado da MRV reflete a relevância do ‘Minha Casa’ para construção civil
Com o plano de lançar 50 mil unidades habitacionais neste ano, a construtora mineira se mostrou forte durante a crise e se apoia em imóveis econômicos para reagir mais rápido que a concorrência.
O “Minha Casa Minha Vida”, maior programa habitacional do País, segue amortecendo a queda da construção. Exemplo disso, a MRV Engenharia, maior construtora de imóveis econômicos, teve alta de 22,3% no lucro líquido do primeiro trimestre, sobre um ano antes, e conta com a demanda reprimida por residências para sustentar o ritmo de crescimento para o resto do ano.
“Nosso primeiro trimestre foi muito bom, e por isso estou bastante otimista com 2018. Já fechamos abril com bons lançamentos, e estou confortável com o ano. Estamos no tracking para garantir que bateremos todas as metas”, afirmou em ontem em teleconferência com analistas co-presidente da MRV, da MRV, Eduardo Fischer.
De acordo com ele, o resultado forte em vendas no primeiro trimestre foi o melhor para o período dos últimos anos, com destaque para o resultado verificado nas cidades onde as operações da MRV já estão maduras, e as despesas se tornam menores. “Nossa meta de ganharmos mercado em espaços em que já estamos faz com que consigamos elevar a operação e diluir despesas operacionais”, comenta.
O resultado positivo da construtora, que registrou R$ 160 milhões em lucro líquido entre janeiro e março, se dá em um momento em que as construtoras ainda ensaiam uma retomada de vendas.
“A MRV realiza um bom trabalho e o desempenho deve continuar forte, devido a uma demanda aquecida no segmento e, principalmente, à maior proporção da faixa de renda 1,5 no mix de vendas”, relata o Credit Suisse em nota.
Para garantir a sustentabilidade, Fischer destaca os esforços para diminuir o índice de distratos. No primeiro trimestre o percentual de contratos quebrados frente as vendas totais foi para 17,8%, ante aos 20,5% de um ano antes. Na outra ponta, a empresa quer elevar significativamente os lançamentos no 2º trimestre.
A meta é lançar 50 mil unidades em 2018, apesar de ter lançado pouco mais de cinco mil no primeiro trimestre. “O primeiro trimestre é historicamente mais fraco, mas o segundo semestre costuma ser mais forte em termos de lançamento. Vamos chegar lá.”
Um caminho seguro
“A MRV conseguiu feitos que destoam de outras grandes do setor. Primeiro que a empresa conseguiu passar incólume as investigações no âmbito da Lava Jato, além disso, se mostrou menos letárgica na crise, o que facilitou a capacidade da empresa de reagir ao primeiro sinal de melhora dos setor”, comentou o professor da Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG), Evandro Lucci. O acadêmico, que fez parte do corpo de especialistas que orientava o Ministério das Cidades sobre os rumos do Minha Casa Minha Vida entre 2011 e 2013, ressalta a importância do programa nos últimos dois anos.
“Apesar de todos os desafios que a crise trouxe, a dependência que a construção tem do Minha Casa ficou evidente desde 2015” comenta.
E é justamente ao Minha Casa Minha Vida que o governo federal estuda recorrer para tentar estimular a construção.
Recentemente, o presidente da Caixa Econômica Federal Nelson Antônio de Souza, disse estar em negociação diretamente com o presidente Michel Temer para destravar novos contratos do programa, com foco em lançamentos voltados às famílias mais carentes. “Essa ação é fundamental para reativar, por exemplo, os empregos que o setor perdeu nos últimos anos”, diz Lucci.
Fonte: Obra 24horas