Taxa Referencial sobe e encarece financiamento imobiliário; veja simulações

Impacto faz a parcela subir. Quem tem saldo devedor mais alto sofrerá mais

Com a disparada dos juros, a Taxa Referencial (TR) voltou ao jogo — e com força. Após ficar zerada de outubro de 2017 até novembro de 2021, ela já bateu, em maio, o patamar de 0,2% e, por mais que pareça pouco, isso pode gerar um impacto relevante no financiamento imobiliário.

“Como esses financiamentos têm saldos devedores relativamente altos, qualquer alteração na TR tem uma alta sensibilidade no valor da prestação. Qualquer movimento vai trazer consequências”, explica o economista Allisson Martins.

A pedido do Diário do Nordeste, o especialista preparou algumas simulações para mostrar, na prática, o reflexo do aumento da taxa nos financiamentos de imóveis.

CONFIRA SIMULAÇÕES

As simulações abaixo foram feitas considerando a TR a 0,2015%. Convém ressaltar que a taxa varia diariamente.

  • Saldo devedor R$ 80.000,00: alta na prestação mensal de R$ 161,20
  • Saldo devedor R$ 150.000,00: alta na prestação mensal de R$ 302,50
  • Saldo devedor R$ 200.000,00: alta na prestação mensal de R$ 403,00
  • Saldo devedor R$ 300.000,00: alta na prestação mensal de R$ 604,50

Também foram efetuadas simulações que apontam a diferença total de juros ao fim dos financiamentos, com esse novo patamar da TR e no prazo de 240 meses. O mutuário deve ficar atento, pois o impacto pode ser muito robusto, em especial quando o saldo devedor é maior.

  • Saldo devedor R$ 80.000,00: diferença de  R$ 19.569,20
  • Saldo devedor R$ 150.000,00: diferença de R$ 36.692,25
  • Saldo devedor R$ 200.000,00: diferença de R$ 61.153,75
  • Saldo devedor R$ 200.000,00: diferença de R$ 73.384,50

POR QUE A TR SUBIU E COMO É CALCULADA?

Martins lembra que, em 2018, houve uma mudança na metodologia de cálculo da TR. “Essa metodologia busca olhar para os títulos públicos federais como referência de taxa (antigamente eram CDBs e RDBs). Com a subida da taxa de juros, os títulos públicos federais têm elevações e isso replicou na TR”, pontua o economista.

Diante desse panorama, o mutuário, frisa Martins, “está em uma situação muito delicada”, pois os juros pré-fixados estão altos e os pós-fixados também.

“Isso está dificultando escolher a melhor taxa, especialmente pelo fato de o financiamento imobiliário ser de longo prazo. E a sua decisão hoje vai impactar o seu orçamento familiar por todos esses anos”, alerta.

O QUE É A TAXA REFERENCIAL?

A TR foi criada nos 1990, em meio ao período da hiperinflação, para ser uma taxa de juros de referência.

Ela funciona hoje como indicador para a atualização monetária de algumas aplicações financeiras e operações de crédito, como empréstimos e financiamentos. A poupança e o FGTS, por exemplo, são influenciados pela TR.

Fonte: Diário do Nordeste