Vendas crescem, lançamentos caem e desemprego diminui em 2022, diz Abrainc

A Associação Brasileira de Incorporadoras Imobiliárias (Abrainc) divulgou, na coletiva de imprensa realizada nesta quarta-feira (29), indicadores econômicos do setor imobiliário relativos ao ano de 2022 no Brasil. A pesquisa, realizada em parceria Fundação Instituto de Pesquisas Econômicas (Fipe), reuniu o desempenho de 18 empresas parceiras da entidade.

Segundo a apuração, apresentada pelo presidente da Abrainc, Ricardo França, o Produto Interno Bruto (PIB) da construção, que representa a soma de todos os bens e serviços finais produzidos por um país, cresceu 6,9% em 2022, e continuou puxando o PIB do país, que teve elevação de 2,9%.

Na comparação anual, no entanto, o desempenho do PIB foi de 5% em 2021 para 2,9% em 2022, registrando queda no crescimento econômico. A Selic foi outra que registrou performance negativa, ao aumentar de 9,25% em 2021 para 13,75% em 2022, retratando elevação na taxa de juros.

Já o IPCA, que representa a inflação oficial, teve arrefecimento ao sair de 10,1% em 2021, para 5,79% em 2022. A taxa de desemprego também apresentou melhora — ao evoluir de 11,1% para 7,9% em 2022 —, bem como a renda média das famílias, que foi de R$ 2.520 para R$ 2.727.

A instituição afirma que, em 2022, a economia brasileira surpreendeu positivamente, porém, a alta da Selic foi acima do esperado. “Ainda assim, temos um cenário positivo e otimista em relação aos indicadores”, diz França.

EMPREGOS

Partindo para o desempenho dos empregos formais, a Abrainc afirmou que, em 2022, a construção gerou 10% das vagas de trabalho no Brasil. O total do país foi de 2,8 milhões de empregos em 2021, que caiu para 2 milhões em 2022.

A quantidade de empregos formais na construção, por sua vez, foi de 252 mil para 202 mil em 2022 — números que indicam taxa de participação do setor evoluindo de 9% para 10% na comparação entre os dois anos.

A conclusão da instituição é de que a construção ampliou sua participação na geração total de empregos em 2022. França continua. “É uma notícia boa e mostra a importância do segmento de construção civil para a economia brasileira.”

MERCADO IMOBILIÁRIO

Falando em mercado imobiliário, a incorporação considera tanto as unidades habitacionais de baixa renda, ou seja, o Minha Casa, Minha Vida (MCMV), que representa o antigo Casa Verde e Amarela, quanto as unidades de Médio e Alto Padrão (MAP).

Segundo a apuração, as vendas de imóveis no total cresceram 9,2% em 2022. Em 2021, foram 143.576 unidades. Em 2022, 156.730. O resultado representa o maior volume da série. Os lançamentos, por sua vez, caíram 15%. Em 2021, foram 153.251 unidades lançadas. Em 2022, 129.427. Ainda assim, o desempenho foi o segundo melhor já registrado, atrás apenas de 2021, que foi um ano recorde.

“O alto volume de financiamentos em 2021 e 2022 vai aumentar o volume de entregas nos próximos anos”, diz França. “Assim, teremos um aumento no faturamento das empresas, mesmo com menos lançamentos.”

Em relação ao estoque, em dezembro de 2021 era de 17 meses. Já em dezembro de 2022, o número caiu para 15 meses de estoque. Atualmente, o estoque de unidades de MCMV + MAP é de 14 meses.

“O ciclo de construção do Brasil é um pouco mais lento, o que denota um estoque muito adequado e interessante para a economia brasileira”, explica França.

Ao comentar a evolução das taxas de juros na habitação em 2022, a instituição afirma que as taxas seguem em ótimo patamar, e que elas não são influenciadas pela Selic. A taxa de juros para as famílias que ganham até R$ 2.400,00, por exemplo, manteve-se estável em 4,7%, tanto em 2021 quanto em 2022. Para a média renda, por sua vez, o Pró-Cotista teve taxas que foram de 8,7% em 2021,para 7,7% em 2022.

Segundo o presidente da Abrainc, “a manutenção dos valores de taxas dá poder de compra para as pessoas, fazendo com que a Selic não influencie na aquisição de imóveis, em especial, considerando que os fundos são oriundos do FGTS”.

Olhando somente para o mercado de imóveis de baixa renda, o desempenho foi de recuo tanto nos lançamentos (-4%), quanto nas vendas (-6,4%) de unidades habitacionais em 2022.

Em 2021, foram lançadas 88.746 imóveis, ao passo que, em 2022, foram 85.180 lançamentos. As vendas de 2021 somaram 113.008 unidades, e, em 2022, 105.826 unidades.

França continua. “Nós vemos esse recuo nos lançamento justificado pelo crescimento dos preços dos insumos da construção civil. O governo teve que fazer uma readequação dos subsídios para dar capacidade de compra, e, no segundo semestre já vimos uma reação do mercado.”

Por fim, o preços dos aluguéis subiu 17% em 2022, incentivando a compra de imóveis e aquecendo o setor.

A expectativa de lançamentos dos empresários para os próximos 12 meses inclui 96% dos entrevistados, o que denota confiança no setor.

Quando questionado sobre o cenário para 2023, Ricardo França afirmou que ainda não há uma pesquisa para o primeiro trimestre deste ano, mas que as especulações são surpreendentemente positivas, considerando que os meses de janeiro e fevereiro tiveram desempenho acima da média.

Fonte: AECweb