Vendas de imóveis em 2020 deverão voltar ao patamar de 2018

Estudo da CBIC e Senai Nacional revelam encolhimento de 15% nos lançamentos de imóveis no primeiro trimestre deste ano. VP da entidade prevê que poderá chegar a 80% até dezembro

Desde o início da crise do novo Coronavírus no Brasil, canteiros de obras foram paralisados por determinação do poder público de, pelo menos, seis estados. Dois meses depois, alguns já voltaram, mas outros não. É o que conta o economista Celso Petrucci, vice-presidente da área de Indústria Imobiliária da Câmara Brasileira da Indústria da Construção – CBIC –, em entrevista ao podcast do Portal AECweb.

Ceará, Pernambuco e Paraíba mantêm o fechamento das obras há mais tempo, enquanto no Pará e Rio Grande do Sul já foram reativadas. “Mais de 90% das obras de construção imobiliária estão andando hoje em todo o país normalmente”, garante. Articular toda a cadeia de empreiteiros que atuam nas obras é um desafio quando os canteiros são reabertos. Petrucci lembra que empreendimentos habitacionais, especialmente do programa Minha Casa, Minha Vida, dependem de financiamento da Caixa ou da poupança. “A parada de fluxo desses recursos, acaba por prejudicar não somente a empresa à frente da obra, mas toda a cadeia de consumo e de prestadores de serviços”, destaca, lembrando que a retomada gera aumento de custos da construção.

A CBIC, em pareceria com o Senai Nacional anunciou, no dia 25 de maio, resultados do estudo sobre o desempenho do setor imobiliário no primeiro trimestre deste ano. Tendo como referência igual trimestre de 2019, o setor registrou queda de 15% nos lançamentos, mas com crescimento de 26,7% nas vendas de imóveis. “A queda nos lançamentos se explica pelo fato de o quarto trimestre de 2019 ter sido o mais forte da série histórica, iniciada em 2016”, comenta Petrucci. No entanto, a esperada consolidação do crescimento de vendas em 2020 se frustrou.

A previsão, agora, é de que haverá queda de 80% nos lançamentos a partir de abril. “Estimamos que 2020 será um ano muito parecido com 2018, com recuperação das vendas a partir do segundo semestre”, prevê, já considerando a perda de renda de alguns níveis da pirâmide social.