Aumento do preço do aço pode comprometer a indústria
Avaliação é da Anfir diante do reajuste na principal matéria-prima utilizada na fabricação de implementos rodoviários
A indústria de implementos rodoviários entende que o aumento no preço do aço vai prejudicar diretamente o setor.
“O aço teve aumento superior a 86% em 2020 e a maior parte desse custo não foi repassado ao cliente final”, diz Norberto Fabris, presidente da Associação Nacional dos Fabricantes de Implementos Rodoviários (Anfir) e completa: “O país está saindo do quarto ano de crise e não tem cabimento aumentar preço de matéria prima. Isso vai quebrar o ritmo de recuperação e vamos retroceder”.
Fabris alerta que o reajuste é inoportuno. “O aço tem uma participação na produção de nossos produtos de até 70%. Não temos condições de absorver esse custo e seremos diretamente prejudicados”. alerta o executivo.
A indústria de implementos rodoviários opera com carteira de cobrança não indexada, ou seja, os valores são fixos. Indexar a carteira é uma prática onde quem vende protege seus ganhos contra eventuais flutuações de mercado, como reajustes de matérias-primas, repassando ao cliente esse custo.
“Como não dá para repassar aos clientes, os aumentos serão absorvidos pelos fabricantes o que em termos práticos quer dizer que o reajuste vai prejudicar à saúde financeira das empresas”, explica.
O presidente da Aanfir explica que durante os quatro anos de crise – três de retração na atividade econômica e um causado pela pandemia – as empresas do setor tiveram que absorver parte desse custo, reduzindo suas margens por produto.
“Reajustar valores nesse momento vai provocar parada forte no mercado porque os clientes não têm condições de pagar por esse aumento”, diz.
O efeito negativo não ficará restrito a indústria. “A situação do transportador também é complicada porque o valor do frete está estagnado o que impede o repasse de eventuais aumentos aos clientes”, explica.
“Portanto, essa conta será dividida entre fabricantes e transportadores que poderão ser financeiramente prejudicados”, afirma.
“Nesses quatro anos a indústria teve que fazer inúmeros sacrifícios para se manter competitiva e atuante”, recorda.
“Nossa constante preocupação é com o preço final do produto e o aumento do aço poderá acarretar em aumento significativo. O reajuste inoportuno é a pior notícia que poderíamos receber em meio a recuperação”, afirma.