Balança comercial cearense tem maior déficit para o 1º bimestre desde 2015

Balança comercial cearense tem maior déficit para o 1º bimestre desde 2015

Com importações crescentes e exportações em baixa, a balança comercial do Ceará registrou em janeiro e fevereiro de 2021 o maior deficit para o período desde 2015. De acordo com dados da plataforma ComexStat, do Ministério da Economia, o deficit chegou a US$ 210 milhões no primeiro bimestre, o triplo do registrado em janeiro e fevereiro do ano passado (US$ 70 milhões).

As importações tiveram um salto de 9% nos primeiros dois meses deste ano, com a compra de US$ 449,1 milhões em mercadorias no exterior. Frente à escassez de diversas matérias-primas no mercado nacional, indústrias cearenses buscaram no exterior os insumos para a produção, elevando o volume de importações em janeiro e fevereiro pelo Ceará.

A avaliação é da Ana Karina Frota, gerente do Centro Internacional de Negócios (CIN) da Federação das Indústrias do Ceará (Fiec) e vice-presidente da Câmara Setorial de Comércio Exterior da Agência de Desenvolvimento Econômico do Ceará (Adece).

“Muitas indústrias foram buscar isso (insumos) no mercado internacional. Além disso, temos as próprias aquisições de Equipamento de Proteção Individual (EPI), que estão sendo utilizados no enfrentamento do coronavírus”, aponta Frota, destacando o aumento de compras relacionadas ao enfrentamento à pandemia.

Os combustíveis protagonizam a pauta de importações do Ceará (US$ 101,6 milhões). Em seguida, aparecem as máquinas, aparelhos e materiais elétricos e suas partes (US$ 78 milhões); reatores nucleares, caldeiras e instrumentos mecânicos (US$ 40,6 milhões); cereais (US$ 37 milhões) e produtos químicos orgânicos (US$ 29,9 milhões).

Na comparação mensal, as importações caíram na passagem de janeiro a fevereiro de 2021 no Ceará. Foram importados US$ 211,9 milhões no mês passado, US$ 25,3 milhões a menos que no primeiro mês do ano (US$ 237,2 milhões).

Exportações cearenses recuam

O volume de exportações do Ceará caiu 30,2%, passando de US$ 342 milhões em janeiro e fevereiro do ano passado a US$ 238,6 milhões no primeiro bimestre de 2021. Na comparação mensal, porém, houve um avanço de 25,4% no volume de vendas ao exterior na passagem de janeiro a fevereiro de 2021 – indo de US$ 105,8 milhões  a US$ 132,7 milhões, respectivamente.

A gerente do CIN da Fiec explica ainda que, em momentos como o que a economia global vivencia agora, há um protecionismo maior que pode prejudicar o Estado. “Nós ficamos com restrições diante do comércio internacional porque as nações tendem a proteger suas próprias economias”.

“O Ceará vinha em uma curva ascendente visível até fevereiro de 2020 no que se refere às exportações, mas assim como o restante do mundo, fomos surpreendidos. Esse problema é evidente em todo o mercado mundial e as nações estão estimulando suas produções internas. Porém, segundo projeções da Organização Mundial do Comércio (OMC), acredita-se em uma recuperação gradual”, pontua Ana Karina.

Além disso, Ana Karina pontua que o mundo ainda passa por um momento de mudança nas relações comerciais. “Apesar de termos observado fevereiro superior a janeiro e fevereiro de 2020 (nas exportações), precisamos estar em estado de alerta. Isso porque nós estamos em um cenário de desaceleração do comércio internacional, com incertezas, instabilidade e previsão de recessão em alguns segmentos econômicos”, detalha

Ele avalia que apenas com os resultados do primeiro trimestre será possível fazer um prognóstico para a balança comercial do Ceará em 2021. Ela teme os efeitos da desaceleração da atividade econômica do Ceará em decorrência do avanço do coronavírus nesses resultados.

Para Frota, a internacionalização de pequenos negócios e inclusão de seus produtos na pauta exportadora cearense é uma das soluções para tentar reduzir o déficit da balança comercial cearense.

“Enxergamos a internacionalização como uma opção para essa recuperação. Estamos escrevendo um novo momento na história do Ceará e a crise terá um fim. Essas pequenas empresas precisam de apoio e não participam ainda de forma efetiva desse mercado”, frisa.

Produtos exportados

O envio de ferro, ferro fundido e aço, item protagonista da pauta exportadora cearense, totalizou US$ 76,4 milhões no primeiro bimestre do ano, queda de 47% ante os US$ 145,2 milhões exportados em igual período de 2020.

Considerando os produtos semi-acabados, lingotes e outras formas primárias de ferro ou aço (participação de 31% nas exportações cearenses), o primeiro bimestre de 2021 foi o pior da série, que contabiliza desde o primeiro bimestre de 2017.

Além do ferro e aço, também foram exportados pelo Ceará em 2021 calçados (US$ 38,6 milhões); Frutas (US$ 36,3 milhões) e máquinas e partes (US$ 24 milhões).

Compradores

No primeiro bimestre de 2021, os Estados Unidos seguem como o principal comprador dos produtos cearenses (34%). As compras de produtos cearenses pelo país norte-americano caíram, porém, 9,6% em relação ao primeiro bimestre de 2020.

Em seguida, aparecem, no ranking, Coreia do Sul (17%); Holanda (5,7%); Reino Unido (4,1%); Austrália (3,8%); Itália (3,5%); Colômbia (3,4%); Chile (3,1%) e Argentina (3,1%).

2020

No ano passado, o envio de produtos cearenses ao exterior havia sido estimado em US$ 2 bilhões, mas encerrou em cerca de US$ 1,8 bilhão. O resultado representa uma queda de 19% em relação aos US$ 2,3 bilhões exportados pelo Estado no ano de 2019.

Fonte: Diário do Nordeste