CNI: juros e desvalorização do real derrubam confiança da indústria
Para industriais entrevistados pela CNI, as incertezas dificultam o planejamento empresarial e afetam a percepção sobre o presente e o futuro
O Índice de Confiança do Empresário Industrial (ICEI) caiu pelo terceiro mês consecutivo, mostra levantamento da Confederação Nacional da Indústria (CNI) divulgado nesta quarta-feira (11/12). Desde setembro, o indicador acumula queda de 3,2 pontos. Apenas em dezembro, o ICEI caiu 2,5 pontos, chegando aos 50,1 pontos, o que revela que os empresários passaram de um estado de confiança para um estado de neutralidade.
A retração do ICEI reflete os impactos da alta da taxa de juros promovida pelo Banco Central e a desvalorização do real frente ao dólar. Esses fatores geraram incertezas, dificultando o planejamento empresarial e afetando a percepção dos industriais sobre o presente e o futuro da economia brasileira.
“Nos últimos meses, a elevação dos juros e a volatilidade cambial afetaram diretamente a confiança dos empresários. A percepção de risco econômico se intensificou, prejudicando as expectativas de recuperação do setor,” explicou o gerente de Análise Econômica da CNI, Marcelo Azevedo.
O ICEI é composto por dois subindicadores: o Índice de Condições Atuais e o Índice de Expectativas. Ambos registraram quedas em dezembro. O Índice de Condições Atuais recuou 1,8 ponto, para 46,5, refletindo a percepção de que a economia está em pior estado do que há seis meses, já o Índice de Expectativas caiu 2,8 pontos, para 51,9. Apesar da retração, ainda permanece ligeiramente acima da linha de 50, indicando otimismo moderado em relação aos próximos seis meses.
Impactos no setor
A pesquisa ouviu 1.219 empresas, incluindo pequenas, médias e grandes, entre os dias 2 e 6 de dezembro. Os dados mostram que a confiança em relação à economia nacional caiu para 39,4 pontos, abaixo da linha divisória de 50, indicando um cenário amplamente pessimista. Já a confiança nas condições futuras das próprias empresas segue positiva, mas também apresentou redução significativa.
Segundo a CNI, o cenário de incertezas econômicas destaca a necessidade de políticas públicas que promovam maior estabilidade cambial e redução de custos financeiros para o setor industrial. A queda na confiança pode impactar negativamente os investimentos e a geração de empregos, dificultando uma recuperação mais robusta em 2025.