Ritmo acelerado de obras na Capital aquece oferta de empregos na construção civil
Demanda por trabalhadores para o canteiro de obras reflete o bom momento do setor
O setor da construção civil em Porto Alegre está em pleno crescimento, tanto em obras em execução como em vagas de trabalho. Conforme dados do Sistema Nacional de Empregos (Sine POA), na última semana do mês de setembro, um terço das mais de 1,4 mil oportunidades registradas no sistema municipal eram voltadas para a construção civil. Esse número total de vagas em aberto no setor, no entanto, pode ser ainda maior do que o oferecido no Sine, uma vez que nem todas as empresas do ramo registram as ofertas de vaga na agência.
A demanda por trabalhadores para o canteiro de obras reflete o bom momento pelo qual passa a construção civil. Segundo o presidente do Sindicato das Indústrias de Construção Civil do Rio Grande do Sul (Sinduscon-RS), Cláudio Teitelbaum, o segmento conta atualmente com quase 140 mil trabalhadores formais em todo o Estado. De acordo com a entidade, estavam em obra no mês de setembro 304 empreendimentos, que se dividem em cerca de 2,4 mil imóveis.
“Nos últimos meses, nós estamos observando um aumento no ritmo de obras na parte da construção civil, na construção pesada e nos serviços especializados”, explica Teitelbaum. Ainda segundo o presidente do Sinduscon-RS, o emprego gerado dentro do setor da construção pode carregar o saldo positivo de postos de trabalho para outros setores da economia de Porto Alegre.
Em Porto Alegre, o setor apresentou saldo positivo de postos de trabalho em todos os meses do ano até setembro, com exceção de maio. Como consequência direta das enchentes, naquele mês, o saldo foi de 354 vagas negativas. Na sequência do mês de maio, foram 317, 483 e 389 postos positivos em junho, julho e agosto, respectivamente, segundo números que constam no Cadastro Geral de Empregados e Desempregados (Caged).
Conforme o titular da Secretaria Municipal do Trabalho e da Qualificação Profissional (Smtq POA), Tiago Simon, o alto número de vagas disponíveis na construção civil da Capital também pode ser explicado pela ausência de pessoas que queiram ocupar essas vagas, ou pela dificuldade em encontrar candidatos que tenham qualificação mínima para a função. “A Secretaria promoveu a realização de alguns feirões de emprego, inclusive o da retomada, que disponibilizava cerca de 4 mil vagas. Muitas empresas estavam presencialmente no local do feirão fazendo contratações, o que acabava facilitando ainda mais o processo”, explica. De acordo com Simon, em condições normais, o interessado vai até o posto do Sine em busca de uma vaga e recebe aquela que condiz com seu perfil profissional.
Enchentes prejudicam oferta de emprego no comércio de Porto Alegre
Nos primeiros quatro meses do ano, antes do período das enchentes em Porto Alegre, o setor da economia porto-alegrense que apresentava o maior estoque de vagas disponíveis era o de comércio e serviços. De acordo com dados do Sine POA, entre janeiro e abril de 2024, a capital gaúcha registrou uma média de 1,2 mil vagas em aberto, das quais cerca de um terço eram voltadas para a área de gastronomia.
O estoque de vagas no setor, no entanto, poderia ser maior do que o número registrado no Sine POA, uma vez que as empresas não são obrigadas a fazer o registro. Para a economista-chefe da Fecomércio-RS, Patrícia Palermo, o setor de comércio em Porto Alegre ainda não voltou ao patamar em que estava antes das enchentes. “Maio e junho foram meses de intensos desligamentos, e, agora, nós estamos no processo de recuperação desses postos de trabalho. Se formos comparar o quadro atual de trabalhadores com o que nós tínhamos no final de abril, por exemplo, hoje temos um número menor”, explica.
Apesar disso, Patrícia ressalta que, no acumulado do ano, o setor de comércio ainda possui saldo positivo, ou seja, foram realizadas mais contratações do que demissões no período. A economista lembra da dificuldade que muitas empresas estão enfrentando na tarefa de encontrar trabalhadores. “O mercado de trabalho no Brasil tem criado muitas vagas, a partir do crescimento de muitos empreendimentos e do consequente aumento na demanda por mão de obra. Só que nós não enxergamos mais tantos jovens entrando no mercado de trabalho”, explica.
Segundo ela, o Rio Grande do Sul possui uma população envelhecida, o que também dificulta a geração de novas forças de trabalho para a economia do Estado. No entanto, Patrícia acredita que muitas vagas serão preenchidas no mês de dezembro próximo, devido à contratação de trabalhadores temporários para os eventos de final de ano.