Setor de equipamentos oscila entre vendas recordes e perspectivas de queda na Europa
Fabricantes de equipamentos e de materiais de construção temem diminuição nas vendas na virada do ano, diz a VDMA
Em 2023, os membros da VDMA (Verein Deutscher Maschinenbau-Anst, ou Associação Alemã de Fabricantes de Máquinas e Instalações Industriais) esperam um novo recorde de vendas de equipamentos e materiais, com previsão de crescimento real de até 10%.
A capacidade de entrega também melhorou, devido especialmente ao fato de que mais componentes estão disponíveis para a produção.
Essas foram as principais conclusões de curto prazo da reunião geral da diretoria da associação comercial europeia, com foco em engenharia de equipamentos e instalações, realizada no último dia 14 de julho.
Outra conclusão foi de que o setor atualmente vive dos pedidos endereçados do ano passado, garantindo a utilização da capacidade instalada.
No entanto, a carteira de pedidos está diminuindo gradativamente, até porque “estão chegando muito menos pedidos novos”, lançando sombras sobre o médio prazo.
No período de janeiro a maio de 2023, o setor de máquinas de construção já registrou um declínio de 19% em novos pedidos, enquanto as fábricas de materiais de construção assinalaram uma queda de 23% nas entradas.
Somente na Europa Ocidental, os pedidos caíram em até 50% – especialmente para máquinas de construção civil.
Na área de construção residencial, a desaceleração econômica atrelada às taxas de juros mais altas vem tendo um forte impacto não só na Europa, como também na América do Norte, atingindo os fornecedores de equipamentos.
“Portanto, a partir do 4º trimestre de 2023 o setor deve estar preparado para um declínio significativo no volume de negócios, se a situação da entrada de pedidos não melhorar”, avisou a VDMA.
Falta de competitividade – Em todo o mundo, a competitividade das empresas com produção na Europa tem sido limitada pela burocracia excessiva, com excesso de regulamentação e requisitos de documentação como a Lei de Obrigações de Fornecimento da Cadeia de Suprimentos (Supply Chain Due Diligence Act), que entrou em vigor em 1º de janeiro de 2023 e impõe obrigações rigorosas às empresas alemãs.
“Os limites do que é viável foram alcançados nesse caso”, acentuou Franz-Josef Paus, presidente da VDMA.
“Se forem adicionados outros fatores, como o aumento dos preços da construção e de materiais, bem como os aumentos permanentes das taxas de juros, a situação se tornará difícil para o setor”, apontou o dirigente.
Segundo ele, a Europa precisa voltar a se tornar interessante para os investimentos globais, que atualmente tendem a fluir para a América do Norte e para a China.
“Por meio de nossas empresas, devemos ser capazes de usar plenamente nossas capacidades para promover inovações técnicas que sirvam à proteção climática e ao bem da sociedade”, disse Paus.
Pressão da China – Além disso, desde o ano passado tornou-se evidente que a pressão competitiva chinesa está aumentando. O gigante asiático está lutando por mais autonomia e, assim, vinculando suas metas políticas a medidas econômicas.
Nesse quadro, os significativos excessos de capacidade no país, decorrentes de um mercado interno mais fraco, aumentam as exportações para a Europa.
“Se as empresas chinesas também recebessem subsídios estatais, não teríamos mais igualdade de condições aqui na Europa”, constatou Joachim Strobel, presidente da Seção de Equipamentos de Construção da VDMA.
Para os fabricantes de materiais de construção, a China representa mais um mercado de exportação, com o país asiático posicionando-se no topo da lista de entregas realizadas no exterior no ano passado.
“Mas a situação no setor imobiliário continua preocupante, pois o risco de estouro da bolha imobiliária paira sobre nós como uma Espada de Dâmocles”, alertou Jürgen Blumm, presidente da Seção de Materiais de Construção da VDMA.
“Atualmente, há um enorme excesso de capacidade na construção residencial chinesa”, observou.