Bom desempenho do PIB brasileiro no 1° trimestre aponta para uma melhora da atividade no Ceará
Para Ricardo Coimbra, presidente do Corecon-CE, o aumento da demanda nos mercados doméstico e global, além da reabertura dos setores de comércio e serviços, deverão favorecer a economia cearense.
Após a divulgação do resultado PIB brasileiro no primeiro semestre, alta de 1,2%, ter superado as projeções do mercado (1,0%), as perspectivas para o desempenho da economia cearense também devem ser revisadas para cima. Como praticamente metade da economia do Estado gira em torno do Complexo do Pecém, a expectativa é de que o aumento da demanda doméstica e global favoreça a indústria do Estado.
Além disso, a reabertura parcial dos setores de comércio e serviços, em maio, também deverá impulsionar a atividade no Estado. “O resultado do PIB brasileiro é um bom alento para o processo de retomada econômica no País e no Ceará”, diz Ricardo Coimbra, presidente do Conselho Regional de Economia do Ceará (Corecon-CE). “Os indicativos são muito bons para a nossa economia, se a gente observar que parte dos setores da atividade econômica do Ceará se mantiveram em funcionamento nesse segundo lockdown”.
Coimbra destaca que o setor industrial praticamente não parou durante o segundo lockdown no Estado e que a flexibilização dos setores do comércio e serviços ainda não foram captadas nos índices de atividade. “A retomada gradual do comércio e dos serviços, mesmo de forma modesta, vão gerar impactos positivos. Então, é provável que a gente tenha um bom crescimento da economia nacional e local”, diz.
Com relação à indústria cearense, Coimbra avalia que o câmbio entre R$ 5,00 e R$ 5,20 continua em um bom patamar para as exportações do Estado. “Temos visto um crescimento muito forte da China, dos EUA e Europa deve retomar a atividade, fazendo com que a gente mantenha o preço das commodities em alto patamar”, ele diz. “ E as nossas exportações estão relacionadas com placas de aço da CSP e calçados, alimentos”.
Atividade econômica no Ceará
No primeiro trimestre deste ano, a recuperação da atividade econômica no Ceará foi interrompida em fevereiro deste ano, precipitando recuo ainda maior em março, disse o Banco Central (BC) em boletim divulgado no dia 27 de maio. O índice do BC é considerado como uma prévia do PIB.
“Nesse cenário, o IBCR-CE (índice que mede a atividade no Estado) recuou 0,7% no primeiro trimestre, com retrações mais significativas na indústria de transformação, no comércio e nos serviços prestados às famílias, contrapondo o crescimento em construção e transportes”, diz o BC.
No entanto, alguns indicadores já demonstram sinais de recuperação, como o aumento das vendas efetuadas com cartões de débito a partir da segunda quinzena de abril. Além disso, o Banco Central destacou que, em relação às atividades turísticas, dados da Associação Brasileira da Indústria de Hotéis – Ceará (ABIH-CE) sinalizam aumento da ocupação de hotéis e similares em maio.
No setor da indústria, o BC diz que no primeiro trimestre, houve crescimento na fabricação de produtos de metal, com aumento da demanda interna. O desempenho negativo da produção repercutiu na confiança dos empresários que recuou no trimestre encerrado em abril, mas com pequeno aumento no mês, sinalizando possível melhora do setor no curto prazo.
Mercado de trabalho
No mercado de trabalho formal, houve aumento dos postos de trabalho em praticamente todos os setores no primeiro trimestre, segundo dados do Caged. “Mesmo com a melhora na ocupação, a taxa de desemprego alcançou 15,6% no último trimestre de 2020 (1,8 p.p. superior ao terceiro trimestre considerando a série com ajuste sazonal), reflexo do maior crescimento da força de trabalho”, diz o BC.