Carga de impostos e custo com mão de obra preocupam empresários da construção civil
Levantamento mostra os dois aspectos como maiores desafios do setor
Mesmo aquecida e confiante, a construção civil tem grandes desafios para enfrentar neste segundo semestre. A elevada carga tributária e o alto custo com mão de obra aparecem no topo da lista na Sondagem da Construção, um levantamento feito pela Confederação Nacional da Indústria (CNI) e apresentado no 11º Summit da Construção Civil, realizado pelo Grupo Tribuna em Santos.
A pesquisa ouviu cerca de 600 empresários em mais de 200 municípios brasileiros e revelou que, para 28,3% deles, os tributos são o principal problema a ser encarado pelo setor até o fim de 2024.
“Além da elevada carga tributária, existe uma preocupação com a reforma tributária. O redutor de 40% sobre a alíquota geral de 26,5% prevista não será suficiente para manter a neutralidade da carga do setor”, explicou a economista-chefe da Câmara Brasileira da Industria da Construção (CBIC), Ieda Vasconcelos.
“No início, não será fácil para a indústria da construção, que hoje tem uma tributação simples e que passará a ser mais complexa. Mas (a reforma tributária) será boa para o País, então será boa para a construção”, ponderou o presidente da CBIC, Renato Correia, durante discurso na abertura do evento. “Esperamos que melhore o ambiente de negócios e traga mais habitação e infraestrutura para a sociedade brasileira”, disse Correia.
Mão de obra
A falta ou o alto custo da mão de obra não qualificada preocupa 24,7% dos empresários ouvidos pela sondagem em junho. “Trata-se do maior percentual desde o início da série histórica (em 2015)”, afirma Ieda. As taxas de juros elevadas ficam em 3º lugar (24%), seguidas pela burocracia excessiva (20,1%) e o alto custo da mão de obra qualificada (19,1%).
“Mesmo vivendo um momento positivo e de otimismo, isso não significa que o setor não tem desafios”, alerta Ieda Vasconcelos.
Custo
Segundo a economista da CBIC, o custo da construção sofreu uma alta muito forte durante a pandemia e permanece em patamar elevado. “De janeiro a junho de 2024, o custo com materiais (para construção) já aumentou 60%. Por outro lado, a inflação oficial do País aumentou 30,47% no mesmo período”, compara ela.
Economia vê ganho extra com reforma
Na palestra de encerramento do 11º Summit da Construção Civil, o economista Bruno Carazza, professor da Fundação Dom Cabral, afirmou que a reforma tributária deverá impactar positivamente a construção civil. As mudanças têm previsão de implantação a partir de 2026 e, segundo Carazza, o setor será o mais beneficiado, com estudos apontando que a mudança pode levar ao crescimento extra de 10,5 pontos percentuais.
“Estudos mostram que a perspectiva para o setor da construção civil é que, além do esperado da média de crescimento para os próximos 15 anos, ele venha a crescer 10,5 pontos percentuais a mais, dadas as vantagens da reforma tributária: simplificação, desoneração dos investimentos e fim da tributação em cascata”, disse o especialista.
Desafios para a construção civil
– Reforma tributária que poderá vir a onerar ainda mais o setor
– Sustentabilidade do FGTS (consignados, saque-aniversário e usados)
– Falta de mão de obra qualificada e a falta de mão de obra não qualificada
– Altas taxas de juros que reduzem o volume de recursos para o financiamento imobiliário
– Alternativas de fundings para o crédito imobiliário
– Custo da construção em patamar muito elevado
– Insegurança jurídica e burocracia (Custo Brasil)
– Incertezas nos cenários doméstico e internacional