Confiança de empresários da construção civil sobe, mas inflação e juros altos são entraves para setor
O nível de confiança do empresário da construção civil subiu de julho para agosto, segundo a Confederação Nacional da Indústria (CNI). Para a entidade, o resultado ocorreu devido à melhora da avaliação do setor sobre a economia brasileira.
Além disso, mudanças recentes no programa Casa Verde e Amarela (CVA), do governo federal, também podem ter contribuído para elevar o nível de confiança do setor, uma vez que as alterações no programa buscam impulsionar o poder de compra das famílias que planejam adquirir um imóvel.
Entre as medidas anunciadas nos últimos meses, destaque-se o aumento dos subsídios e a ampliação dos tetos de renda para os grupos 1, 2 e 3 do programa.
Em conversa com o BTG Pactual, o secretário Nacional de Habitação, Alfredo Santos, disse que a oferta no programa CVA ficou abaixo da média nos últimos meses. No entanto, a expectativa da pasta é que ocorra um aumento grande nos lançamentos por conta das mudanças no programa.
Entenda o impacto das mudanças
Na avaliação de Alberto Ajzental, professor coordenador do curso Desenvolvimento de Negócios Imobiliários da FGV, as medidas anunciadas têm uma natureza anticíclica, isto é, se dispõe a criar efeitos compensatórios diante de desequilíbrios macroeconômicos.
“[De modo geral], o incentivo à construção civil é bom, uma vez que impacta 90 cadeias produtivas, faz a economia girar e gera emprego”, diz o professor.
No entanto, Ajzental se mostra cético sobre os efeitos das alterações no programa CVA. Segundo o professor da FGV, o setor da construção civil precisa de capital intensivo para funcionar, o que não combina com um cenário de inflação e juros altos.
“Com inflação e juros altos, construir o imóvel fica mais caro e as famílias também têm menos dinheiro. Com isso, a compra do imóvel está mais distante”, conta. “Vai ser muito difícil diminuir esse gap [mesmo com as alterações no programa CVA]”, explica.