Construtoras esperam solução para não paralisarem obras
Os preços dos materiais de construção continuam subindo de forma impressionante. Oneram excessivamente o custo das obras, que vão se tornando cada vez mais inexequíveis, dentro do pactuado com seus contratantes.
No acumulado de 12 meses até abril do INCC-M, registraram aumentos expressivos: vergalhões e arames de aço carbono (68,85%), tubos e conexões de ferro e aço (69,71%), tubos e conexões de PVC (62,09%), condutores elétricos (80,69%), cimento Portland (28,57%), telha cerâmica (32,49%) e esquadrias de alumínio (32,58%). Juntos, esses insumos representam 56% da alta do INCC no período, provocando um efeito perverso sobre os contratos de fornecimento de obras que tenham concentração desses materiais.
As vendas de cimento acumularam alta em abril: o mês seguiu a tendência do primeiro trimestre do ano e contou com um volume de vendas de 5,3 milhões de toneladas do produto, 26,5% a mais do que abril do ano passado. No acumulado de janeiro a abril, o crescimento foi de 20,8% em relação ao mesmo período de 2020, segundo o Sindicato Nacional da Indústria do Cimento (Snic).
Já o volume de vendas de cimento por dia útil, melhor indicador do setor, registrou 237,2 mil toneladas, um aumento de 8,2% em comparação ao mês de março e de 25,8% em relação ao mesmo mês de 2020. No acumulado do ano (de janeiro a abril) o desempenho registra alta de 21,7%.
Esse resultado se deve, principalmente, em função de uma base de vendas muito fraca no primeiro quadrimestre do ano passado, especialmente abril que teve o pior desempenho (-6%) da indústria do cimento em 2020. Isso faz com que o efeito estatístico alavanque variações positivas, provavelmente até maio.
No tocante a abril de 2021, os principais indutores de crescimento continuam sendo as obras imobiliárias – não há registro de paralisação (1) – e as reformas residenciais e comerciais. Em São Paulo, por exemplo, os lançamentos imobiliários cresceram 98% em março contra o mesmo mês do ano passado (2).
Na contramão do bom desempenho das vendas de cimento no ano, o índice de confiança do consumidor (3), apesar de uma pequena recuperação, ainda caminha de maneira sofrível. O indicador da construção (4) em queda desde novembro, voltou a nível inferior ao observado antes da pandemia, revertendo toda a crescente expectativa positiva registrada entre maio e outubro de 2020.
Os cortes no orçamento do Governo Federal, principalmente em atividades como infraestrutura e programas habitacionais como o Casa Verde Amarela, a instabilidade macroeconômica, a desvalorização cambial, a inflação, o desemprego em alta, o ritmo lento da vacinação e a perda da massa salarial vem abatendo o otimismo e aumentando ainda mais a incerteza e a cautela do setor produtivo brasileiro.
Apesar disso, a construção civil é um dos setores da economia brasileira que continua em plena atividade, mesmo em período de pandemia da Covid-19. O setor teve crescimento de 10,7% em 2020, segundo a Pesquisa Nacional por Amostragem de Domicílios (Pnad) Contínua, divulgada pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), sendo a maior alta entre 10 grupos de atividades econômicas pesquisados.
Já o Cadastro Geral de Emprego e Desemprego (Caged) indicou que, de janeiro a novembro de 2020, a construção civil foi o setor que gerou mais empregos com carteira assinada no Brasil, com quase 160 mil contratações, um aumento de 34,6% em relação ao mesmo período de 2019. Ainda segundo Caged, em janeiro de 2021, a construção civil abriu 4.758 novas vagas em todo o Paraná, ficando atrás apenas dos setores da indústria e serviços.
O setor da construção civil mantém a expansão mesmo com o aumento dos insumos, como ferro, aço e cimento, que deixaram as obras mais caras – a Câmara Brasileira da Indústria da Construção (Cbic) projeta que a área deverá ter, em 2021, o maior crescimento em oito anos. A expectativa para este ano é de um aumento de 4% no PIB da construção, o que pode significar a geração de 200 mil novos empregos no setor.