Indústria da construção aponta dificuldade em encontrar mão de obra, diz CNI
Setor assinalou falta ou alto custo de trabalhador não qualificado como segundo principal problema no último trimestre. Elevada carga tributária e taxas de juros elevadas ocupam as outras posições da lista
Os empresários da indústria da construção têm relatado dificuldade em contratar mão de obra para o setor, seja ela qualificada ou não qualificada. A informação consta na Sondagem Indústria da Construção, da Confederação Nacional da Indústria (CNI). A pesquisa mostra que a falta ou alto custo de trabalhador não qualificado foi assinalada por 24,7% dos industriais e ficou em segunda posição no ranking de principais problemas. Frente ao primeiro trimestre, a dificuldade aumentou 9,9 pontos percentuais.
“As indústrias de construção demonstram que não estão conseguindo atrair e reter trabalhadores mais jovens, pois eles estão preferindo outras carreiras”, explica a economista da CNI, Paula Verlangeiro.
A elevada carga tributária se manteve na primeira posição no ranking, assinalada por 28,3% dos empresários. O problema de taxas de juros elevadas ocupou a terceira posição, apontado por 24,0% dos entrevistados e a burocracia excessiva ficou na quarta posição, segundo 20,1% dos industriais.
Condições financeiras ainda indicam insatisfação do setor
No segundo trimestre, a percepção de alta de preços dos insumos e matérias-primas foi mais intensa e disseminada entre os empresários da construção. O índice subiu de 58,6 pontos para 61,8 pontos.
A insatisfação com a margem de lucro operacional ficou com 45,6 pontos e a situação financeira com 48,7 pontos no trimestre. Apesar de terem apresentado aumento quando comparada com o primeiro trimestre do ano, os indicadores seguem abaixo da linha divisória de 50 pontos, que separa satisfação de insatisfação.
O índice de acesso ao crédito saiu de 38,5 para 39,1 pontos, significando que empresários industriais seguem com dificuldades para conseguir financiamento.
Atividade industrial estável em junho
O índice do nível de atividade avançou 2 pontos, passando de 47,9 pontos, em maio, para 49,9 pontos, em junho. Ao ficar bem próximo da linha divisória, o índice mostra que o nível de atividade ficou estável na passagem de maio para junho.
Já o índice do número de empregados caiu de 49 pontos para 48,8 pontos em junho. Como o índice continuou abaixou da linha divisória dos 50 pontos, o emprego segue em queda na comparação com o mês anterior.
Confiança da construção caiu em julho
O Índice de Confiança do Empresário da Indústria de Construção recuou 1,1 ponto, de 52,9 pontos para 51,8 pontos. A queda está relacionada, principalmente, ao Índice de Condições Atuais, que mensura a percepção dos empresários acerca das condições correntes da economia brasileira e da empresa. O índice caiu 2,3 pontos em julho, passando de 47,8 pontos para 45,5 pontos.
Além disso, a avaliação das condições correntes da própria empresa se tornou negativa: o Índice de Condições Atuais da empresa caiu de 50,8 pontos, em junho, para 49,3 pontos, em julho.
Já o Índice de Expectativa, que mede as perspectivas dos empresários acerca da própria empresa e da economia brasileira, recuou 0,5 ponto na passagem de junho para julho. Apesar da queda, o índice ainda está acima da linha divisória dos 50 pontos, indicando que as perspectivas seguem favoráveis.
Intenção de investir segue alta
Em julho, o índice de intenção de investimento da indústria da construção manteve-se inalterado em 46,6 pontos. Esse resultado é superior ao registrado em julho de 2023 (46,0 pontos) e maior que o de julho de 2022 (45,0 pontos).
Com isso, o indicador permaneceu estável, em patamar elevado, já que a média histórica do índice de intenção de investimento é de 37,5 pontos.
Mais sobre a Sondagem Indústria da Construção
A Sondagem Indústria da Construção foi lançada em 2010, seguindo os moldes da Sondagem Industrial, e tem como objetivo conhecer a tendência da atividade e as expectativas dos empresários da indústria da construção. O ICEI e o índice de expectativas da indústria da construção questionam os empresários sobre os próximos seis meses.